O terreno está abandonado há mais de 40 anos e deve R$ 18 milhões de impostos. O descampado já foi palco de vários estupros e desova de cadáveres, segundo os moradores locais. A tendência era continuar servindo a especulação imobiliária, mas no dia 09/04 cerca de 150 famílias resolveram destinar a área, de quase 400 mil metros quadrados a outro fim. Organizadas pelo MST e Brigadas Populares, as famílias ocuparam o terreno e montaram acampamento, batizado de Dandara, no terreno da construtora Modelo, no bairro Céu Azul, zona Norte de Belo Horizonte.
Após uma investida da polícia militar, que tentou efetuar um despejo sem ordem judicial na noite do primeiro dia, os ocupantes decidiram por massificar o acampamento, buscando apoio nas vilas e favelas locais. O resultado foi a construção de 981 barracos de lona preta em menos de três dias. Na segunda-feira já não cabiam mais famílias e o espaço confinado pela PM ficou pequeno para tantas moradias improvisadas. Segundo Renata Costa, do MST, as pessoas ali presentes ocupação “buscam uma alternativa de sobrevivência aos efeitos da crise econômica mundial, que trouxe mais desemprego, carestia e violência às periferias dos grandes centros”.
As famílias exigem do poder público a desapropriação do terreno e implantação de um sistema de moradias rururbanas, que forneça habitação, através de lotes de produção, como um complemento de renda, para garantir a segurança alimentar.
A Polícia Militar tentou efetuar um despejo, sem ordem judicial, na noite do primeiro dia, mas os ocupantes decidiram por massificar o acampamento, buscando apoio nas vilas e favelas locais. O resultado foi a construção de 981 barracos de lona preta em menos de três dias. Na segunda-feira já não cabiam mais famílias e o espaço confinado pela PM ficou pequeno para tantas moradias improvisadas. Segundo Renata Costa, do MST, as pessoas ali presentes “buscam uma alternativa de sobrevivência aos efeitos da crise econômica mundial, que trouxe mais desemprego, carestia e violência às periferias dos grandes centros”.
A ocupação já recebeu apoio da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa Estadual de Minas Gerais e de alguns vereadores, mas segundo Joviano Mayer, das Brigadas Populares, o principal interlocutor do Estado tem sido a Polícia Militar. “Isto demonstra uma mentalidade atrasada, que pretende tratar uma situação de conflito social como caso de polícia e não como reflexo do modelo de exclusão que temos instalado. O executivo estadual e municipal devia propor soluções para estas famílias e não virar as costas e mandar a polícia despejar bombas”, aponta.
Hoje pela manhã uma comissão dos movimentos foi recebida pelo Conselho Presbiterial, presidido pelo arcebispo de Belo Horizonte Dom Walmor Oliveira de Azevedo. A igreja se solidarizou pela situação precária das famílias, que estão sem luz e água, e se comprometeu em intervir junto ao poder público na busca de alternativas ao impasse político.
As famílias exigem uma reunião com o governo Aécio Neves, para discutir uma política de moradia para a população de baixa renda, e solução para as mil famílias. “Em sete anos, esse governo não construiu uma casa para os sem-teto da capital. Não há uma política habitacional para quem recebe menos de dois salários mínimos”, aponta Joviano.
A idéia é pedir a divisão em lotes que ajudem a solucionar o passivo de moradia de Belo Horizonte, hoje avaliado em 100 mil unidades, das quais 80% são de famílias com ganhos abaixo de três salários mínimos. E também contribuir na geração de renda e na segurança alimentar, ao adotar-se um sistema de agricultura periurbana, em que cada lote destine uma área de terra possível de se tirar subsistência ou complemento de renda e alimentação saudável.
A situação deve se agravar nos próximos dias, já que segundo a polícia militar foi deferida ontem uma liminar de reintegração de posse, a pedido da Construtora Modelo, que alega ser a proprietária do terreno. Mas de acordo com o coronel Sandro Teatini, do Comando de Policiamento Especializado da PM, está sendo estudado um plano de trabalho, que em ultima instancia será aprovado pelo governador Aécio, e que prevê o envolvimento de várias entidades civis e públicas em uma rodada de negociações.
Ainda na noite de ontem por volta das 23h, um jovem de 24 anos foi morto a tiros dentro da área. Apesar da grande comoção de todos, o crime não tem relação com a luta pela desapropriação da área. A polícia informa que foi motivado provavelmente por um acerto de contas pessoal entre dois jovens, que há três meses haviam se desentendido, e que faziam parte da comunidade local. Renata Costa, do MST, explica que o incidente abalou as famílias mas não fará com que desistam do terreno. “A princípio pensamos até que fosse uma represália, mas com a apuração dos fatos vimos que se tratava de um crime comum e não crime político. As famílias estão assustadas mas decidimos permanecer”.
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