Escrito por Leonardo Severo - do sítio da CUT
Em defesa do emprego e do patrimônio nacional, cerca de 200 lideranças de centrais sindicais, partidos e movimentos populares participaram do lançamento do Comitê pela Reestatização da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), quarta-feira (15) à noite, na Assembléia Legislativa de São Paulo.
A solenidade foi aberta com a exibição de um vídeo sobre a trajetória de luta dos trabalhadores da Embraer, em São José dos Campos. Embaladas pela voz de Maria Bethânia (Não me importa saber/ Se é terrível demais/ Quantas guerras terei que vencer/ Por um pouco de paz), as imagens mostravam as duras batalhas travadas contra o sucateamento da estatal, as mobilizações contra sua privatização - realizada em 1994 pelo governo FHC - até as recentes manifestações em defesa do emprego dos 4.270 trabalhadores demitidos no dia 19 de fevereiro, véspera de feriado. Ao final, o colorido das bandeiras de diferentes centrais tremulando lado a lado em solidariedade militante pela readmissão imediata.
"Por unanimidade a direção da CUT se posicionou pela reestatização da Embraer por compreender que esta é uma necessidade. Reestatizar a Embraer é afirmar a defesa da nação contra a crise, é priorizar o nosso mercado interno, a tecnologia nacional, o emprego e o salário dos brasileiros", afirmou Júlio Turra, diretor executivo da Central Única dos Trabalhadores. "A Embraer foi vendida a preço de banana. Uma vez privatizada, usufruiu de bilhões em dinheiro público, recursos arrecadados da sociedade em forma de imposto, obtendo lucros recordes. Agora, ao primeiro sinal de crise, demitiu 4.270 trabalhadores e isso é inaceitável. Nós estamos aqui para exigir justiça, garantia de emprego e readmissão dos demitidos", declarou. Na avaliação do dirigente cutista, a solução para a Embraer não é exportar, uma vez que o mercado externo está em recessão, mas apostar no fortalecimento de um mercado interno de massa.
Os deputados estaduais Pedro Bigardi (PCdoB) e Raul Marcelo (PSol) saudaram as lideranças presentes e, em especial, a delegação vinda de São José, destacando o compromisso da Casa em difundir o mais amplamente possível a bandeira da reestatização.
Conforme denunciou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Adilson dos Santos, de 1994 para cá a empresa recebeu 8,3 bilhões de dólares em recursos públicos, mas agora, sob a alegação de crise econômica, demite milhares de funcionários. "Ao mesmo tempo em que fala em crise, a Embraer premia os seus executivos com bônus que somam R$ 50 milhões, esconde que perdeu R$ 180 milhões aplicados em derivativos, e que a atual direção privada, e cada vez mais controlada por acionistas de fora do país, pendurou a empresa no mercado externo", acrescentou Adilson.
Para o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, assim como a entrega da Vale e da CSN, a privatização da Embraer foi um crime de lesa-pátria que precisa ser revisto. "Defendemos a volta da Embraer e das demais empresas estratégicas privatizadas para as mãos dos brasileiros. Vamos disputar a consciência do povo brasileiro, pois só teremos um país forte com um mercado interno forte, com geração de emprego e renda", declarou.
O ex-deputado e dirigente do PSol, Plínio de Arruda Sampaio, fez um resgate histórico sobre a importância da empresa para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia nacional, lembrando que a Embraer que nasceu em 1969, graças à criatividade dos caboclos de São José, do Instituto Tecnológico da Aeronática (ITA), do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), pôs o país no seleto grupo dos 13 países que produzem aviões e em 3º do mundo. Conforme Plínio, "esse é um capital valiosíssimo, uma riqueza estupenda que agora pode ir parar nas mãos dos principais rivais da empresa, como a Bombardier canadense e a Boeing norte-americana. Pelo orgulho que temos desse trabalho coletivo e pela soberania da nação, temos que reestatizar a Embraer", concluiu.
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