terça-feira, 28 de abril de 2009
Marcha da Maconha - 2009
Nas primeiras semanas de maio, milhares de pessoas em todo o mundo sairão às ruas em mais de 300 cidades para lembrar a luta política contra a proibição injusta que tornou ilegal o cultivo de plantas da espécie Cannabis sativa em quase todos os países do mundo.
O Coletivo Marcha da Maconha está apoiando eventos em 13 cidades em todo o país. Os dias 2, 3 e 9 de maio serão marcados com caminhadas em clima de descontração, música, concursos de fantasias, distribuição de material informativo e espaço para manifestações artísticas, performances e outras expressões culturais. Além disso, em diversas cidades ocorrerão também debates, palestras, seminários, exibições de documentários e outros tipos de eventos para discutir diversos aspectos relacionados ao tema, principalmente ligados às leis e políticas públicas sobre drogas.
A Marcha da Maconha Brasil não é um evento de cunho apologético, nem seus organizadores incentivam o uso de maconha ou de qualquer outra substância ilícita. Respeitamos as Leis e a Constituição do país do qual somos cidadãos e procuramos respeitar não só o direito à livre manifestação de idéias e opiniões, mas também os limites legais desse e de outros direitos civis.
O objetivo do Movimento é possibilitar que todos os cidadãos brasileiros possam se manifestar de forma livre e democrática a respeito das políticas e leis sobre drogas do país, ajudando a fazer do Brasil um verdadeiro Estado Democrático de Direito. Com essas atividades procuramos tão somente ajudar a fazer com que essas leis e políticas possam ser construídas e aplicadas de forma mais transparente, justa, eficaz e pragmática, respeitando a cidadania e os Direitos Humanos.
Acreditamos que já é hora de discutir reformas mais concretas nas políticas e leis sobre a planta e seu uso, de forma a incluir os dados científicos mais atuais e contando com uma maior participação da sociedade civil.
Maiores Informações:
Coletivo Marcha da Maconha Brasil
www.marchadamaconha.org
contato@marchadamaconha.org
+55 (21) 8705-3357
+55 (11) 6333-5505
» 2 DE MAIO
• GOIANIA
Pça. Universitária, 14h
» 3 DE MAIO
• FLORIANÓPOLIS
Trapiche - Beira-mar Norte, 15h
• FORTALEZA
Aterro da Praia de Iracema, 15h
• JOÃO PESSOA
Pça. Antenor Navarro, 14h
• RECIFE
Rua do Apolo - Bar do Fogão, 14h
• SALVADOR
Farol da Barra, 14h
• SÃO PAULO
Parque Ibirapuera - Marquise, 14h
» 9 DE MAIO
• BELO HORIZONTE
Praça da Estação, 15h
• BRASÍLIA
Catedral, 15h
• CURITIBA
Largo da Ordem, 14h
• JUÍZ DE FORA
Parque Halfeld, 11h
• PORTO ALEGRE
Av. José Bonifácio, 15h
• RIO DE JANEIRO
Ipanema - Posto 9, 15h
CNBB divulga declaração contra a proposta de redução da maioridade penal
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta sexta-feira (24) uma carta em que reafirma a posição da Igreja contrária à proposta de redução da maioridade penal. A declaração foi aprovada na 47ª Assembléia Geral da CNBB que acontece em Itaici (SP).
Os bispos entendem que a simples redução da maioridade penal não soluciona o problema da violência e consideram que a proposta “violenta e penaliza ainda os mais adolescentes, sobretudo os mais pobres, negros e moradores de periferias”.
“Importa ir a suas verdadeiras causas, que se encontram, sobretudo, na desagregação familiar, na falta de oportunidades, nas desigualdades sociais, na insuficiência de políticas públicas sociais, na perda dos valores éticos e religiosos, na banalização da vida e no recrutamento feito pelo narcotráfico”, enfatiza a nota.
Segundo o bispo auxiliar de São Paulo e presidente da Comissão das pastorais sociais, dom Pedro Luiz Stringhini, apenas 0,14% dos 24 milhões de crianças, jovens e adolescentes no Brasil se envolve em algum tipo de crime.
Dom Pedro também criticou o sistema prisional brasileiro que, para ele, está “falido”. “O sistema hoje, ao invés de reeducar, transforma os jovens, muitas vezes induzidos por adultos, em criminosos potencialmente perigosos”.
“Queremos a reforma prisional, como foi feita no estado de São Paulo, por exemplo, com a destituição da FEBEM e a criação da Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA). Assim entendemos que os jovens infratores terão uma oportunidade de tornarem-se adultos, trabalhadores, pais de família conscientes de seu papel na sociedade, totalmente integrados à atual situação social em que vivemos”, argumentou.
MR8 lança o Partido Pátria Livre
O dia 21 de abril --feriado nacional em memória do herói da Inconfidência, Tiradentes—foi a data escolhida para o lançamento do novo partido de esquerda brasileiro, o Partido Pátria Livre (PPL), formado por integrantes do histórico Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8).
O lançamento do PPL lotou, no último dia 21, o auditório Elis Regina, com capacidade para 800 pessoas, no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo. O presidente estadual do PT-SP, Edinho Silva, participou do evento, tendo sido convidado durante o Seminário “SP: Alternativas para o enfrentamento da crise”, promovido pelo Diretório Estadual do PT-SP, no dia 17, prestigiado com a participação do dirigente do PPL, Carlos Pereira.
Antes do ato político, o PPL realizou um encontro no qual oficializou a constituição de 19 comitês estaduais provisórios e elegeu, também em caráter provisório, sua direção nacional, que será presidida pelo atual secretário-geral do MR8, Sérgio Rubens de Araújo Torres.
Centenas de filiados e lideranças do PMDB --partido que até então abriga os militantes do MR8 -- prestigiaram o lançamento do novo partido. Também compareceram ao ato político representantes de outros partidos como PT, PCdoB, PSB, PDT, PCB e do Partido Comunista da Bolívia.
Todos saudaram a iniciativa de criação de uma nova agremiação de esquerda, de orientação marxista-leninista, e lembraram a importante trajetória do MR8, sua contribuição para a redemocratização do país e suas lutas em defesa da soberania, desenvolvimento e justiça social.
Relação com o PMDB - A sigla MR8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) presta homenagem ao guerrilheiro Ernesto Che Guevara ao referir-se à data (8 de outubro), em que Guevara foi preso na Bolívia e depois assassinado pelos militares daquele país, em 1967.
Oriundo de uma dissidência do PCB e atuante desde o final da década de 60, o MR8 viu passar por suas fileiras importantes figuras do movimento de resistência à ditadura como Franklin Martins, Fernando Gabeira, Lamarca, Stuart Angel, Cid Benjamin, entre vários outros.
Com o início do processo de redemocratização do país, o movimento passou a atuar partidariamente dentro do PMDB e com atuação concreta nos movimentos sociais, sobretudo no movimentos estudantil e sindical, com forte presença na CGTB (CGTB - Central Geral dos Trabalhadores do Brasil). O MR8 edita atualmente o jornal Hora do Povo.
Em São Paulo, o dirigente peemedebista Orestes Quércia era tido como forte apoiador do grupo, mas a recente aproximação de Quércia com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), levou as lideranças do MR8 a repensarem a permanência no PMDB.
Programa nacional-desenvolvimentista - As bases para o lançamento do PPL foram definidas em reunião do Comitê Central do MR8 em dezembro do ano passado. No manifesto de lançamento, intitulado "Carta ao Povo Brasileiro" (que pode ser lida aqui), o movimento analisa o momento político do país e do mundo e expõe em linhas gerais as principais idéias e pressupostos do novo partido.
"Da letra do Hino da Independência vem o nome deste novo partido que convocamos a brava gente brasileira a construir conosco: Partido Pátria Livre. Porque é exatamente disso que se trata: concentrar todas as energias para completar a grande obra da independência nacional", diz o documento, destacando que essa construção, "que começou com Tiradentes, passou por Getúlio e chegou a Lula, já foi realizada. Mas a que falta deixa o país e o povo vulneráveis à espoliação externa que tolhe o nosso desenvolvimento econômico, político, social e cultural".
O partido elenca "cinco pressupostos básicos" pelo qual deve se guiar. Entre eles a superação das relações de produção dependentes, ou seja, a conquista da plena independência nacional; a constituição de uma frente de forças políticas e sociais que abrace e transforme cada vez mais em realidade viva o projeto nacional-desenvolvimentista; fortalecer a frente que está hoje constituída pelos partidos que integram a base do governo Lula com destaque para o PT e o PMDB; reforçar a atuação do partido no movimento sindical e nos movimentos sociais em defesa dos interesses dos trabalhadores e construir uma "sociedade socialista, onde o mercado, ao invés de devastado pelos monopólios, seja superado pelo planejamento consciente do conjunto das atividades econômicas, à medida que os meios de produção se convertam em propriedade pública, através de um Estado que incorpore crescentemente às suas atividades as amplas massas da população, até esgotar seu papel e extinguir-se".
O programa do Partido Pátria Livre, bem mais extenso que a Carta, segue a mesma linha. Faz um balanço da história recente do país, enaltece períodos como a era Vargas e destaca que um dos grandes desafios do momento é apostar no mercado interno, no investimento público, no fortalecimento do Estado e das empresas nacionais e na proteção dos direitos dos trabalhadores. E conclui afirmando que o PPL se "propõe a reforçar a ampla frente de partidos, entidades e movimentos populares que dá sustentação política ao governo do presidente Lula e lutar incansavelmente pela sua unidade para que ela marche coesa nas eleições de 2010."
Pelas normas do TSE, o PPL tem até junho de 2009 para obter as 500 mil assinaturas de apoio, necessárias à criação do novo partido. Caso consiga obter o registro provisório em tempo hábil, o partido pretende lançar candidatos já nas eleições de 2010.
O lançamento do PPL lotou, no último dia 21, o auditório Elis Regina, com capacidade para 800 pessoas, no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo. O presidente estadual do PT-SP, Edinho Silva, participou do evento, tendo sido convidado durante o Seminário “SP: Alternativas para o enfrentamento da crise”, promovido pelo Diretório Estadual do PT-SP, no dia 17, prestigiado com a participação do dirigente do PPL, Carlos Pereira.
Antes do ato político, o PPL realizou um encontro no qual oficializou a constituição de 19 comitês estaduais provisórios e elegeu, também em caráter provisório, sua direção nacional, que será presidida pelo atual secretário-geral do MR8, Sérgio Rubens de Araújo Torres.
Centenas de filiados e lideranças do PMDB --partido que até então abriga os militantes do MR8 -- prestigiaram o lançamento do novo partido. Também compareceram ao ato político representantes de outros partidos como PT, PCdoB, PSB, PDT, PCB e do Partido Comunista da Bolívia.
Todos saudaram a iniciativa de criação de uma nova agremiação de esquerda, de orientação marxista-leninista, e lembraram a importante trajetória do MR8, sua contribuição para a redemocratização do país e suas lutas em defesa da soberania, desenvolvimento e justiça social.
Relação com o PMDB - A sigla MR8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) presta homenagem ao guerrilheiro Ernesto Che Guevara ao referir-se à data (8 de outubro), em que Guevara foi preso na Bolívia e depois assassinado pelos militares daquele país, em 1967.
Oriundo de uma dissidência do PCB e atuante desde o final da década de 60, o MR8 viu passar por suas fileiras importantes figuras do movimento de resistência à ditadura como Franklin Martins, Fernando Gabeira, Lamarca, Stuart Angel, Cid Benjamin, entre vários outros.
Com o início do processo de redemocratização do país, o movimento passou a atuar partidariamente dentro do PMDB e com atuação concreta nos movimentos sociais, sobretudo no movimentos estudantil e sindical, com forte presença na CGTB (CGTB - Central Geral dos Trabalhadores do Brasil). O MR8 edita atualmente o jornal Hora do Povo.
Em São Paulo, o dirigente peemedebista Orestes Quércia era tido como forte apoiador do grupo, mas a recente aproximação de Quércia com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), levou as lideranças do MR8 a repensarem a permanência no PMDB.
Programa nacional-desenvolvimentista - As bases para o lançamento do PPL foram definidas em reunião do Comitê Central do MR8 em dezembro do ano passado. No manifesto de lançamento, intitulado "Carta ao Povo Brasileiro" (que pode ser lida aqui), o movimento analisa o momento político do país e do mundo e expõe em linhas gerais as principais idéias e pressupostos do novo partido.
"Da letra do Hino da Independência vem o nome deste novo partido que convocamos a brava gente brasileira a construir conosco: Partido Pátria Livre. Porque é exatamente disso que se trata: concentrar todas as energias para completar a grande obra da independência nacional", diz o documento, destacando que essa construção, "que começou com Tiradentes, passou por Getúlio e chegou a Lula, já foi realizada. Mas a que falta deixa o país e o povo vulneráveis à espoliação externa que tolhe o nosso desenvolvimento econômico, político, social e cultural".
O partido elenca "cinco pressupostos básicos" pelo qual deve se guiar. Entre eles a superação das relações de produção dependentes, ou seja, a conquista da plena independência nacional; a constituição de uma frente de forças políticas e sociais que abrace e transforme cada vez mais em realidade viva o projeto nacional-desenvolvimentista; fortalecer a frente que está hoje constituída pelos partidos que integram a base do governo Lula com destaque para o PT e o PMDB; reforçar a atuação do partido no movimento sindical e nos movimentos sociais em defesa dos interesses dos trabalhadores e construir uma "sociedade socialista, onde o mercado, ao invés de devastado pelos monopólios, seja superado pelo planejamento consciente do conjunto das atividades econômicas, à medida que os meios de produção se convertam em propriedade pública, através de um Estado que incorpore crescentemente às suas atividades as amplas massas da população, até esgotar seu papel e extinguir-se".
O programa do Partido Pátria Livre, bem mais extenso que a Carta, segue a mesma linha. Faz um balanço da história recente do país, enaltece períodos como a era Vargas e destaca que um dos grandes desafios do momento é apostar no mercado interno, no investimento público, no fortalecimento do Estado e das empresas nacionais e na proteção dos direitos dos trabalhadores. E conclui afirmando que o PPL se "propõe a reforçar a ampla frente de partidos, entidades e movimentos populares que dá sustentação política ao governo do presidente Lula e lutar incansavelmente pela sua unidade para que ela marche coesa nas eleições de 2010."
Pelas normas do TSE, o PPL tem até junho de 2009 para obter as 500 mil assinaturas de apoio, necessárias à criação do novo partido. Caso consiga obter o registro provisório em tempo hábil, o partido pretende lançar candidatos já nas eleições de 2010.
“Carta de Porto Alegre” critica políticas de Serra, Aécio e Yeda
CARTA DE PORTO ALEGRE
Derrotados nacionalmente nas urnas, os tucanos viram as políticas adotadas pelo governo Lula suplantar as amarras do neoliberalismo, capacitando o país a enfrentar a atual crise econômica mundial: os novos investimentos públicos, a responsabilidade nas contas públicas, a ampliação das políticas sociais, as desonerações fiscais que mantém o consumo e reduzem o impacto sobre o emprego, combinados com uma crescente e contínua diminuição da taxa de juros e um considerável crescimento do mercado interno devido à política de ganho real do salário mínimo.
A nossa política externa, apostando na diversificação de parceiros econômicos, com ênfase para a América do Sul, Índia, China, África e o mundo árabe, diminuiu nossa histórica dependência do mercado americano, onde os efeitos da crise são mais expressivos. FHC defendia exatamente o contrário, tentou levar o Brasil à ALCA para juntar-se ao México. Hoje, mais do que os EUA, o México está completamente imerso na crise e com graves problemas para superá-la.
A atual crise econômica internacional, mesmo apontando para uma falência do modelo, não tem sido debatida por seus defensores. Trata-se da crise do liberalismo econômico que tem como pilar o Estado mínimo, que foi adotado pelo governo FHC e está replicado nas gestões tucanas de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. A superação desta crise tem exigido a retomada do papel do Estado como regulador da economia, aportando recursos públicos para salvar as instituições privadas colhidas na avalanche de falências e concordatas, medidas estas hoje largamente adotadas pelos países do chamado capitalismo central.
No período FHC, o liberalismo econômico foi aplicado com intensidade através da privataria, terceirização e concessões de serviços, isenções fiscais para grandes empresas, ausência de critérios definidos de desenvolvimento social, distribuição de renda e as instituições financeiras estatais sendo utilizadas para financiar as privatizações do serviço público, trabalhando à serviço do mercado especulativo.
A Ação do PSDB ficou restrita à adoção de seu projeto político nos estados em que governa, notadamente Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. O modelo liberalizante brasileiro passa a ter uma roupagem regional e combinada. “Choque de gestão” e “Déficit Zero” tornaram-se as palavras de ordem em detrimento dos serviços e dos servidores públicos.
Assim, nos três estados, a agenda passa a ter a máquina estatal como vilã e os servidores públicos como inimigos. Como resultado imediato, a pauperização dos serviços públicos, permitindo o crescimento de seus parceiros privados, em todas as áreas, como a segurança pública. A não aplicação dos recursos mínimos constitucionais em saúde e educação são exemplos clássicos desta política, ao mesmo tempo em que são desonerados os grandes oligopólios.
É simbólico que a investida comece pela educação. A adoção de uma política educacional “fast food”, sem compromisso com a formação de uma consciência crítica, com currículos padronizados, voltados para a transmissão e não a elaboração do conhecimento. Alteração dos currículos de forma unilateral e em gabinetes, inchaço das salas de aulas, falta de diálogo e criminalização dos movimentos sociais e sindicais são uma constante.
Alteração nos planos de carreira, com o fim da progressão por tempo de serviço, substituindo conquistas dos servidores por critérios difusos e nomes pomposos que dependem da vontade do governante, provocando a estagnação de carreiras, privilegiando outras, arrochando salários.
No Rio Grande do Sul, o processo liberalizante está mais atrasado, tendo em vista a lotada agenda política da governadora que, sistematicamente, vê seu governo envolvido em graves denúncias e escândalos de corrupção. A blindagem da mídia esconde as mazelas dos governos Aécio e Serra, bem como permite que Yeda mantenha um certo equilíbrio instável, escondendo sua verdadeira face de desmonte do Estado.
É importante ressaltar que o projeto implantado em Minas, São Paulo e Rio Grande do Sul não é só um ataque aos direitos do servidores públicos. O modelo de gestão tão elogiado pela mídia impacta diretamente nas camadas que mais necessitam das políticas de Estado, na contramão do que tem caracterizado o governo Lula. Quem acaba pagando a conta dos “Choques de Gestão” e “Déficits Zero” é a própria população.
Torna-se imperativa a nacionalização do debate sobre o que vem ocorrendo nestes três estados. Esta pode ser uma alternativa importante para barrar a tentativa de avanço do neoliberalismo. Urge a unificação dos movimentos sociais, constituindo agendas comuns de desconstituição do bloqueio midiático, e a intensificação das lutas pela transparência, democratização e universalização do Estado e dos serviços públicos. Estes são os desafios do próximo período.
Derrotados nacionalmente nas urnas, os tucanos viram as políticas adotadas pelo governo Lula suplantar as amarras do neoliberalismo, capacitando o país a enfrentar a atual crise econômica mundial: os novos investimentos públicos, a responsabilidade nas contas públicas, a ampliação das políticas sociais, as desonerações fiscais que mantém o consumo e reduzem o impacto sobre o emprego, combinados com uma crescente e contínua diminuição da taxa de juros e um considerável crescimento do mercado interno devido à política de ganho real do salário mínimo.
A nossa política externa, apostando na diversificação de parceiros econômicos, com ênfase para a América do Sul, Índia, China, África e o mundo árabe, diminuiu nossa histórica dependência do mercado americano, onde os efeitos da crise são mais expressivos. FHC defendia exatamente o contrário, tentou levar o Brasil à ALCA para juntar-se ao México. Hoje, mais do que os EUA, o México está completamente imerso na crise e com graves problemas para superá-la.
A atual crise econômica internacional, mesmo apontando para uma falência do modelo, não tem sido debatida por seus defensores. Trata-se da crise do liberalismo econômico que tem como pilar o Estado mínimo, que foi adotado pelo governo FHC e está replicado nas gestões tucanas de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. A superação desta crise tem exigido a retomada do papel do Estado como regulador da economia, aportando recursos públicos para salvar as instituições privadas colhidas na avalanche de falências e concordatas, medidas estas hoje largamente adotadas pelos países do chamado capitalismo central.
No período FHC, o liberalismo econômico foi aplicado com intensidade através da privataria, terceirização e concessões de serviços, isenções fiscais para grandes empresas, ausência de critérios definidos de desenvolvimento social, distribuição de renda e as instituições financeiras estatais sendo utilizadas para financiar as privatizações do serviço público, trabalhando à serviço do mercado especulativo.
A Ação do PSDB ficou restrita à adoção de seu projeto político nos estados em que governa, notadamente Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. O modelo liberalizante brasileiro passa a ter uma roupagem regional e combinada. “Choque de gestão” e “Déficit Zero” tornaram-se as palavras de ordem em detrimento dos serviços e dos servidores públicos.
Assim, nos três estados, a agenda passa a ter a máquina estatal como vilã e os servidores públicos como inimigos. Como resultado imediato, a pauperização dos serviços públicos, permitindo o crescimento de seus parceiros privados, em todas as áreas, como a segurança pública. A não aplicação dos recursos mínimos constitucionais em saúde e educação são exemplos clássicos desta política, ao mesmo tempo em que são desonerados os grandes oligopólios.
É simbólico que a investida comece pela educação. A adoção de uma política educacional “fast food”, sem compromisso com a formação de uma consciência crítica, com currículos padronizados, voltados para a transmissão e não a elaboração do conhecimento. Alteração dos currículos de forma unilateral e em gabinetes, inchaço das salas de aulas, falta de diálogo e criminalização dos movimentos sociais e sindicais são uma constante.
Alteração nos planos de carreira, com o fim da progressão por tempo de serviço, substituindo conquistas dos servidores por critérios difusos e nomes pomposos que dependem da vontade do governante, provocando a estagnação de carreiras, privilegiando outras, arrochando salários.
No Rio Grande do Sul, o processo liberalizante está mais atrasado, tendo em vista a lotada agenda política da governadora que, sistematicamente, vê seu governo envolvido em graves denúncias e escândalos de corrupção. A blindagem da mídia esconde as mazelas dos governos Aécio e Serra, bem como permite que Yeda mantenha um certo equilíbrio instável, escondendo sua verdadeira face de desmonte do Estado.
É importante ressaltar que o projeto implantado em Minas, São Paulo e Rio Grande do Sul não é só um ataque aos direitos do servidores públicos. O modelo de gestão tão elogiado pela mídia impacta diretamente nas camadas que mais necessitam das políticas de Estado, na contramão do que tem caracterizado o governo Lula. Quem acaba pagando a conta dos “Choques de Gestão” e “Déficits Zero” é a própria população.
Torna-se imperativa a nacionalização do debate sobre o que vem ocorrendo nestes três estados. Esta pode ser uma alternativa importante para barrar a tentativa de avanço do neoliberalismo. Urge a unificação dos movimentos sociais, constituindo agendas comuns de desconstituição do bloqueio midiático, e a intensificação das lutas pela transparência, democratização e universalização do Estado e dos serviços públicos. Estes são os desafios do próximo período.
Diretório do PT-SP faz resolução sobre processo eleitoral 2010
DIRETÓRIO ESTADUAL DO PT-SP
SOBRE O PROCESSO ELEITORAL 2010
RESOLUÇÃO
O Partido dos Trabalhadores no Estado de São Paulo inicia o debate formal sobre as eleições de 2010, com o propósito de apresentar ao povo paulista um projeto alternativo, democrático e popular – a exemplo do que faz o governo Lula no Brasil-, que resgate a importância política e econômica do Estado de São Paulo no cenário da República, reduzida nos sucessivos governos tucanos, e implantar políticas sociais capazes de elevar a qualidade de vida da nossa população.
Para alcançar este objetivo é necessário um programa de governo que expresse o verdadeiro sentimento dos paulistas, dialogue com as complexidades regionais, potencialize a vocação econômica de cada região e dote o estado da infraestrutura para sustentar seu desenvolvimento – instrumento necessário para que o poder público possa cumprir seu dever de promover o bem estar da coletividade e desenvolvimento integral do ser humano.
Com essa finalidade, a direção estadual do PT-SP iniciou, no primeiro semestre, as caravanas a todas as regiões do estado e, no segundo semestre, começará a construção de um programa que expresse não somente o acúmulo decorrente de nossa história, mas que também articule a contribuição da militância partidária, dos setoriais, dos movimentos sociais, da intelectualidade progressista, dos partidos aliados e do povo paulista; ou seja, de todos que se dispõem a construir uma alternativa ao modo tucano de governar.
A direção estadual do Partido dos Trabalhadores realizará audiências públicas e reuniões com a militância partidária em todo o estado para construir o programa em vistas às eleições de 2010.
Enquanto travamos o debate no nosso partido, para formular o programa com o qual disputaremos as próximas eleições, buscaremos construir uma ampla política de alianças, com fundamentos programáticos, tendo como base para essas negociações os partidos e setores que compõem a base de apoio ao governo Lula, e que se disponham a participar de um projeto alternativo ao implantado pelo PSDB/DEM no estado de São Paulo.
Somando-se a estas iniciativas, a direção estadual do PT-SP, de forma democrática, apresentará às forças aliadas suas ideias de programa de governo e também um nome petista pra a construção da futura alternativa paulista ao governo tucano, por entender que é fundamental a escolha de um nome que agregue as principais forças progressistas de São Paulo.
Diretório Estadual do PT de São Paulo
Sábado, 25 de abril de 2009
SOBRE O PROCESSO ELEITORAL 2010
RESOLUÇÃO
O Partido dos Trabalhadores no Estado de São Paulo inicia o debate formal sobre as eleições de 2010, com o propósito de apresentar ao povo paulista um projeto alternativo, democrático e popular – a exemplo do que faz o governo Lula no Brasil-, que resgate a importância política e econômica do Estado de São Paulo no cenário da República, reduzida nos sucessivos governos tucanos, e implantar políticas sociais capazes de elevar a qualidade de vida da nossa população.
Para alcançar este objetivo é necessário um programa de governo que expresse o verdadeiro sentimento dos paulistas, dialogue com as complexidades regionais, potencialize a vocação econômica de cada região e dote o estado da infraestrutura para sustentar seu desenvolvimento – instrumento necessário para que o poder público possa cumprir seu dever de promover o bem estar da coletividade e desenvolvimento integral do ser humano.
Com essa finalidade, a direção estadual do PT-SP iniciou, no primeiro semestre, as caravanas a todas as regiões do estado e, no segundo semestre, começará a construção de um programa que expresse não somente o acúmulo decorrente de nossa história, mas que também articule a contribuição da militância partidária, dos setoriais, dos movimentos sociais, da intelectualidade progressista, dos partidos aliados e do povo paulista; ou seja, de todos que se dispõem a construir uma alternativa ao modo tucano de governar.
A direção estadual do Partido dos Trabalhadores realizará audiências públicas e reuniões com a militância partidária em todo o estado para construir o programa em vistas às eleições de 2010.
Enquanto travamos o debate no nosso partido, para formular o programa com o qual disputaremos as próximas eleições, buscaremos construir uma ampla política de alianças, com fundamentos programáticos, tendo como base para essas negociações os partidos e setores que compõem a base de apoio ao governo Lula, e que se disponham a participar de um projeto alternativo ao implantado pelo PSDB/DEM no estado de São Paulo.
Somando-se a estas iniciativas, a direção estadual do PT-SP, de forma democrática, apresentará às forças aliadas suas ideias de programa de governo e também um nome petista pra a construção da futura alternativa paulista ao governo tucano, por entender que é fundamental a escolha de um nome que agregue as principais forças progressistas de São Paulo.
Diretório Estadual do PT de São Paulo
Sábado, 25 de abril de 2009
Lula lança ações para reduzir desigualdades e fortalecer Amazônia Legal
Durante visita a Manaus (AM) nesta segunda-feira (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou-se com governadores da Amazônia Legal e participou da cerimônia de assinatura do compromisso Mais Amazônia Legal pela Cidadania e do lançamento do Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade.
O compromisso Mais Amazônia Legal pela Cidadania - que envolve os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins - tem por objetivo acelerar a redução das desigualdades na região até 2010, mediante ações cooperadas entre governos federal, estaduais e municipais. Entre as metas estão a redução do analfabetismo, da mortalidade infantil, a erradicação do sub-registro civil de nascimento e o fortalecimento econômico no meio rural na região.
Para a erradicação do sub-registro civil estão previstos o fortalecimento da Declaração de Nascido Vivo (DNV), com a implantação de 456 unidades de saúde interligadas aos cartórios e a realização de 1.018 mutirões e duas campanhas para divulgar o Registro Civil de Nascimento (RCN).
De acordo com o Ministério da Saúde, as medidas para a redução da mortalidade infantil em 5% ao ano incluem a promoção de ações integradas nos municípios, com ênfase nos 96 com maior percentual de óbito infantil, qualificação da atenção ao pré-natal, ao parto e ao recém-nascido, e qualificação de profissionais de saúde, entre outras.
O combate ao analfabetismo será realizado com a ampliação da oferta e da efetividade dos cursos de alfabetização de jovens, adultos e idosos, visando ao atendimento de mais de 986 mil pessoas; realização de três edições do Programa Brasil Alfabetizado em dois anos; integração das ações das secretarias estaduais e municipais para qualificar os cursos de alfabetização e garantir a permanência dos alunos.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, para fortalecer o meio rural será ampliada a prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural para 237 mil famílias de agricultores familiares nos Territórios da Cidadania. Com esse incremento, serão beneficiadas mais de 600 mil famílias.
No compromisso também está prevista a regularização fundiária de glebas federais em 436 municípios, com cadastramento e georreferenciamento de 90 mil posses de terra em 2009.
A solenidade marcará o início da entrega de mais de 4 mil títulos, em 25 municípios do estado do Amazonas.
Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade
Coordenado pelos Ministérios do Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário e Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o Plano é formado por seis eixos: promoção e apoio à produção e ao extrativismo sustentável; estruturação e fortalecimento dos processos industriais; estruturação e fortalecimento de mercados; fortalecimento da organização social e produtiva; ações complementares para fortalecimento das cadeias de produtos e para a valoração dos serviços da sociobiodiversidade. Para cada eixo serão desenvolvidas ações de assessoramento técnico, capacitação e organização social, além do acesso ao crédito, desenvolvimento de infraestrutura produtiva, promoção comercial e inserção dos produtos extrativistas no mercado.
Para garantir a sustentação de preços aos extrativistas, alguns produtos foram incluídos na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), instrumento de regulação de preços sob a tutela do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A PGPM é considerada um dos principais mecanismos de implementação do Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade. Durante o evento ocorrerá o pagamento da primeira operação de produtos da sociobiodiversidade priorizados pelo Plano Nacional: castanha-do-brasil, borracha e babaçu.
O compromisso Mais Amazônia Legal pela Cidadania - que envolve os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins - tem por objetivo acelerar a redução das desigualdades na região até 2010, mediante ações cooperadas entre governos federal, estaduais e municipais. Entre as metas estão a redução do analfabetismo, da mortalidade infantil, a erradicação do sub-registro civil de nascimento e o fortalecimento econômico no meio rural na região.
Para a erradicação do sub-registro civil estão previstos o fortalecimento da Declaração de Nascido Vivo (DNV), com a implantação de 456 unidades de saúde interligadas aos cartórios e a realização de 1.018 mutirões e duas campanhas para divulgar o Registro Civil de Nascimento (RCN).
De acordo com o Ministério da Saúde, as medidas para a redução da mortalidade infantil em 5% ao ano incluem a promoção de ações integradas nos municípios, com ênfase nos 96 com maior percentual de óbito infantil, qualificação da atenção ao pré-natal, ao parto e ao recém-nascido, e qualificação de profissionais de saúde, entre outras.
O combate ao analfabetismo será realizado com a ampliação da oferta e da efetividade dos cursos de alfabetização de jovens, adultos e idosos, visando ao atendimento de mais de 986 mil pessoas; realização de três edições do Programa Brasil Alfabetizado em dois anos; integração das ações das secretarias estaduais e municipais para qualificar os cursos de alfabetização e garantir a permanência dos alunos.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, para fortalecer o meio rural será ampliada a prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural para 237 mil famílias de agricultores familiares nos Territórios da Cidadania. Com esse incremento, serão beneficiadas mais de 600 mil famílias.
No compromisso também está prevista a regularização fundiária de glebas federais em 436 municípios, com cadastramento e georreferenciamento de 90 mil posses de terra em 2009.
A solenidade marcará o início da entrega de mais de 4 mil títulos, em 25 municípios do estado do Amazonas.
Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade
Coordenado pelos Ministérios do Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário e Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o Plano é formado por seis eixos: promoção e apoio à produção e ao extrativismo sustentável; estruturação e fortalecimento dos processos industriais; estruturação e fortalecimento de mercados; fortalecimento da organização social e produtiva; ações complementares para fortalecimento das cadeias de produtos e para a valoração dos serviços da sociobiodiversidade. Para cada eixo serão desenvolvidas ações de assessoramento técnico, capacitação e organização social, além do acesso ao crédito, desenvolvimento de infraestrutura produtiva, promoção comercial e inserção dos produtos extrativistas no mercado.
Para garantir a sustentação de preços aos extrativistas, alguns produtos foram incluídos na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), instrumento de regulação de preços sob a tutela do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A PGPM é considerada um dos principais mecanismos de implementação do Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade. Durante o evento ocorrerá o pagamento da primeira operação de produtos da sociobiodiversidade priorizados pelo Plano Nacional: castanha-do-brasil, borracha e babaçu.
CARAJÁS: 13 ANOS DE IMPUNIDADE
Massacre de Eldorado de Carajás completa 13 anos sem desfecho
Em 17 de abril de 1996 policiais militares promoveram o Massacre de Eldorado de Carajás, que ganhou repercussão internacional e deixou marca na história do país, ao lado do Massacre do Carandiru (1992) e da Chacina da Candelária (1993), como uma das ações policiais mais violentas do Brasil. Em 2002, o presidente FHC instituiu essa data como o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.
Passados 13 anos do massacre no Pará, permanecem soltos os 155 policiais que mataram 19 trabalhadores rurais, deixaram centenas de feridos e 69 mutilados. Entre os 144 incriminados, apenas dois foram condenados depois de três conturbados julgamentos: o coronel Mário Collares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira. Ambos aguardam em liberdade a análise do recurso da sentença, que está sob avaliação da ministra Laurita Vaz, do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Nesta semana, o MST monta dois acampamento no estado, para cobrar a condenação dos responsáveis pelo massacre e apoio às famílias sobreviventes, com encerramento das atividades no dia 17. Na Curva do S, em Eldorado de Carajás, 500 trabalhadores rurais participam das atividades do Acampamento da Juventude, desde o dia 10/4. Em Belém, 600 pessoas estão mobilizadas desde o dia 14/4.
"Estamos mobilizados para denunciar que depois de tanto tempo do massacre ninguém foi preso e as famílias ainda não foram indenizadas. Cobramos a indenização de todas as famílias e atendimento médico aos sobreviventes. Defendemos também um novo julgamento para impedir que a morte de 19 companheiros fique impune. Além disso, exigimos a Reforma Agrária para acabar com a violência contra os trabalhadores rurais", explica o integrante da coodenação nacional do MST, Ulisses Manaças.
Em 2007, os trabalhadores Sem Terra conseguiram uma vitória parcial, com a indenização de 23 famílias que foram vítimas do massacre pela governadora Ana Júlia. No entanto, no ano passado o governo estadual promoveu soldados que participaram do Massacre. O Movimento cobra a indenização do total de 79 famílias, além da regularização do atendimento médico multidisciplinar aos feridos durante o massacre, que ficaram com balas alojadas pelo corpo.
“A gente lamenta essa mentalidade de grande parte dos juristas, que acha que a pessoa deve recorrer eternamente, pela chamada presunção de inocência. Esse processo acaba gerando impunidade total e absoluta” afirma o promotor de Justiça do caso, Marco Aurélio Nascimento.
O advogado Carlos Guedes, que acompanhou o caso desde abril de 1996 até o último julgamento, em maio de 2002, acredita que a Justiça ainda não resolveu o caso. Guedes também alerta que existem dois tipos de responsabilidades em relação ao massacre que a Justiça tem de levar em consideração: as responsabilidades criminal e política.
“Se todos os que foram denunciados, desde o coronel Pantoja até o último soldado, tivessem sido condenados, isso por si só seria insuficiente. Outras pessoas tiveram participação decisiva no massacre, como o governador (Almir Gabriel), o comandante geral da Polícia Militar e o secretário de Segurança Pública (Paulo Sette Câmara). Estes sequer foram envolvidos no caso”, contesta o advogado.
Na opinião dos sobreviventes do massacre e dos advogados do MST, a justiça ainda não veio. As pessoas mutiladas, assim como as 13 viúvas que tiveram seus maridos executados naquele dia, ainda não receberam indenizações. Tanto para o coordenador nacional do MST no Pará, Charles Trocate, quanto para os mutilados do massacre, o Estado foi o culpado pelo incidente.
“A cultura da violência gera a cultura da impunidade. Carajás evidenciou um problema em proporções maiores, mas o Estado não foi capaz de criar instrumentos que corrigissem isso. Primeiro se negou julgar e condenar o governador, o secretário de Justiça e o comandante geral da PM. Segundo, nestes 13 anos, não foi produzida nenhuma condenação porque é o Estado que está no banco dos réus”, afirmou Trocate.
O 17 de abril foi marcado como dia internacional da luta das lutas dos camponeses, em homenagem à luta pela terra pelos camponeses de Carajás e de todas as partes do mundo. Todos os anos, a Via Campesina realiza mobilizações nesse período do ano para cobrar o julgamento dos responsáveis pela violência no campo e pela realização da Reforma Agrária.
Caminho do processo na Justiça
Abaixo, leia a cronologia do processo dos envolvidos no Massacre de Eldorado de Carajás.
Junho de 1996 - Início do maior processo em número de réus da história criminal brasileira, envolvendo 155 policiais militares. Em 10 anos, o processo ultrapassou as 10 mil páginas.
16 de agosto de 1999 - Primeira sessão do Tribunal do Júri para julgamento dos réus em Belém, presidida pelo juiz Ronaldo Valle. Foram absolvidos três oficiais julgados - coronel Mário Colares Pantoja, major José Maria Pereira de Oliveira e capitão Raimundo José Almendra Lameira. Foram três dias de sessão com cerceamento dos poderes da acusação, impedimento da utilização em plenário de documentos juntados no prazo legal, permissão de manifestações públicas de jurados criticando a tese da acusação e defendendo pontos de vista apresentados pela defesa.
Abril de 2000 - O Tribunal de Justiça do Estado do Pará determinou a anulação do julgamento, decisão mantida em um segundo julgamento, em outubro de 2000. Antevendo a anulação do julgamento, o juiz Ronaldo Valle solicitou o afastamento do caso. Dos 18 juízes criminais da Comarca de Belém, 17 informaram ao Presidente do Tribunal de Justiça que não aceitariam presidir o julgamento, alegando, na maioria dos casos, simpatia pelos policiais militares e aversão ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e aos trabalhadores rurais.
Abril de 2001 - Nomeada uma nova juíza para o caso, Eva do Amaral Coelho, que designou o dia 18 de junho de 2001 como data para o novo julgamento dos três oficiais. Alguns dias antes do início da sessão, a juíza determinou a retirada do processo da principal prova da acusação, um minucioso parecer técnico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com imagens digitais que comprovavam que os responsáveis pelos primeiros disparos foram os policiais militares. O MST reagiu e a juíza reviu sua posição, suspendendo o julgamento sem marcar nova data.
14 de maio a 10 de junho de 2002 - O julgamento foi retomado. Após cinco sessões, entre os 144 acusados julgados, 142 foram absolvidos (soldados e 1 oficial) e dois condenados (coronel Pantoja e major Oliveira), com o benefício de recorrer da decisão em liberdade. Em decorrência dos benefícios estendidos aos dois únicos condenados, as testemunhas de acusação não compareceram mais ao julgamento, em função de ameaças de morte e por não acreditar na seriedade do julgamento. Durante vinte dias, jornais do Estado do Pará publicaram detalhes sobre intimidações e ameaças de morte que estariam recebendo as principais testemunhas da acusação, principalmente Raimundo Araújo dos Anjos e Valderes Tavares. Nada foi feito em relação à proteção e salvaguarda de tais testemunhas. O MST não aceitou participar de um julgamento onde não estivessem sequer garantidas a segurança e a tranqüilidade das pessoas fundamentais para a acusação.
Novembro de 2004 - A 2ª Câmara do Tribunal de Justiça do Pará julga numa só sessão todos os recursos da defesa e da acusação e mantém a decisão dos dois julgamentos realizados pelo Tribunal do Júri, absolvendo os 142 policiais militares e condenando o coronel Pantoja (228 anos de prisão) e o major Oliveira (154 anos de prisão).
22 de setembro de 2005 – O coronel Pantoja é posto em liberdade por decisão do Supremo Tribunal Federal.
13 de outubro de 2005 – O major Oliveira é posto em liberdade por decisão do Supremo Tribunal Federal.
2006 - Recurso especial é apresentado ao Superior Tribunal de Justiça e, posteriormente, recurso extraordinário é apresentado ao Supremo Tribunal Federal.
Abril/2007 - A governadora do estado Ana Júlia Carepa assinou decreto que concede indenização e pensões especiais a 22 famílias de trabalhadores sem-terra vítimas da chacina. “O que eu fiz foi reparar uma injustiça, reconhecendo a responsabilidade do governo do Estado”, disse Ana Júlia. A governadora classificou o massacre de Eldorado do Carajás como “um dos episódios que mais envergonhou não só o Pará diante do Brasil, mas o Pará diante do mundo”.
Setembro/2008 - O governo de Ana Júlia Carepa promoveu os soldados que participaram do Massacre de Eldorado do Carajás. Entre 87 e 90 policiais foram promovidos a cabo. Apesar de todos os promovidos já terem sido absolvidos em primeira instância pela acusação de homicídio qualificado, ainda há um recurso no STJ (Supremo Tribunal de Justiça) que pede suas condenações.
Em 17 de abril de 1996 policiais militares promoveram o Massacre de Eldorado de Carajás, que ganhou repercussão internacional e deixou marca na história do país, ao lado do Massacre do Carandiru (1992) e da Chacina da Candelária (1993), como uma das ações policiais mais violentas do Brasil. Em 2002, o presidente FHC instituiu essa data como o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.
Passados 13 anos do massacre no Pará, permanecem soltos os 155 policiais que mataram 19 trabalhadores rurais, deixaram centenas de feridos e 69 mutilados. Entre os 144 incriminados, apenas dois foram condenados depois de três conturbados julgamentos: o coronel Mário Collares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira. Ambos aguardam em liberdade a análise do recurso da sentença, que está sob avaliação da ministra Laurita Vaz, do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Nesta semana, o MST monta dois acampamento no estado, para cobrar a condenação dos responsáveis pelo massacre e apoio às famílias sobreviventes, com encerramento das atividades no dia 17. Na Curva do S, em Eldorado de Carajás, 500 trabalhadores rurais participam das atividades do Acampamento da Juventude, desde o dia 10/4. Em Belém, 600 pessoas estão mobilizadas desde o dia 14/4.
"Estamos mobilizados para denunciar que depois de tanto tempo do massacre ninguém foi preso e as famílias ainda não foram indenizadas. Cobramos a indenização de todas as famílias e atendimento médico aos sobreviventes. Defendemos também um novo julgamento para impedir que a morte de 19 companheiros fique impune. Além disso, exigimos a Reforma Agrária para acabar com a violência contra os trabalhadores rurais", explica o integrante da coodenação nacional do MST, Ulisses Manaças.
Em 2007, os trabalhadores Sem Terra conseguiram uma vitória parcial, com a indenização de 23 famílias que foram vítimas do massacre pela governadora Ana Júlia. No entanto, no ano passado o governo estadual promoveu soldados que participaram do Massacre. O Movimento cobra a indenização do total de 79 famílias, além da regularização do atendimento médico multidisciplinar aos feridos durante o massacre, que ficaram com balas alojadas pelo corpo.
“A gente lamenta essa mentalidade de grande parte dos juristas, que acha que a pessoa deve recorrer eternamente, pela chamada presunção de inocência. Esse processo acaba gerando impunidade total e absoluta” afirma o promotor de Justiça do caso, Marco Aurélio Nascimento.
O advogado Carlos Guedes, que acompanhou o caso desde abril de 1996 até o último julgamento, em maio de 2002, acredita que a Justiça ainda não resolveu o caso. Guedes também alerta que existem dois tipos de responsabilidades em relação ao massacre que a Justiça tem de levar em consideração: as responsabilidades criminal e política.
“Se todos os que foram denunciados, desde o coronel Pantoja até o último soldado, tivessem sido condenados, isso por si só seria insuficiente. Outras pessoas tiveram participação decisiva no massacre, como o governador (Almir Gabriel), o comandante geral da Polícia Militar e o secretário de Segurança Pública (Paulo Sette Câmara). Estes sequer foram envolvidos no caso”, contesta o advogado.
Na opinião dos sobreviventes do massacre e dos advogados do MST, a justiça ainda não veio. As pessoas mutiladas, assim como as 13 viúvas que tiveram seus maridos executados naquele dia, ainda não receberam indenizações. Tanto para o coordenador nacional do MST no Pará, Charles Trocate, quanto para os mutilados do massacre, o Estado foi o culpado pelo incidente.
“A cultura da violência gera a cultura da impunidade. Carajás evidenciou um problema em proporções maiores, mas o Estado não foi capaz de criar instrumentos que corrigissem isso. Primeiro se negou julgar e condenar o governador, o secretário de Justiça e o comandante geral da PM. Segundo, nestes 13 anos, não foi produzida nenhuma condenação porque é o Estado que está no banco dos réus”, afirmou Trocate.
O 17 de abril foi marcado como dia internacional da luta das lutas dos camponeses, em homenagem à luta pela terra pelos camponeses de Carajás e de todas as partes do mundo. Todos os anos, a Via Campesina realiza mobilizações nesse período do ano para cobrar o julgamento dos responsáveis pela violência no campo e pela realização da Reforma Agrária.
Caminho do processo na Justiça
Abaixo, leia a cronologia do processo dos envolvidos no Massacre de Eldorado de Carajás.
Junho de 1996 - Início do maior processo em número de réus da história criminal brasileira, envolvendo 155 policiais militares. Em 10 anos, o processo ultrapassou as 10 mil páginas.
16 de agosto de 1999 - Primeira sessão do Tribunal do Júri para julgamento dos réus em Belém, presidida pelo juiz Ronaldo Valle. Foram absolvidos três oficiais julgados - coronel Mário Colares Pantoja, major José Maria Pereira de Oliveira e capitão Raimundo José Almendra Lameira. Foram três dias de sessão com cerceamento dos poderes da acusação, impedimento da utilização em plenário de documentos juntados no prazo legal, permissão de manifestações públicas de jurados criticando a tese da acusação e defendendo pontos de vista apresentados pela defesa.
Abril de 2000 - O Tribunal de Justiça do Estado do Pará determinou a anulação do julgamento, decisão mantida em um segundo julgamento, em outubro de 2000. Antevendo a anulação do julgamento, o juiz Ronaldo Valle solicitou o afastamento do caso. Dos 18 juízes criminais da Comarca de Belém, 17 informaram ao Presidente do Tribunal de Justiça que não aceitariam presidir o julgamento, alegando, na maioria dos casos, simpatia pelos policiais militares e aversão ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e aos trabalhadores rurais.
Abril de 2001 - Nomeada uma nova juíza para o caso, Eva do Amaral Coelho, que designou o dia 18 de junho de 2001 como data para o novo julgamento dos três oficiais. Alguns dias antes do início da sessão, a juíza determinou a retirada do processo da principal prova da acusação, um minucioso parecer técnico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com imagens digitais que comprovavam que os responsáveis pelos primeiros disparos foram os policiais militares. O MST reagiu e a juíza reviu sua posição, suspendendo o julgamento sem marcar nova data.
14 de maio a 10 de junho de 2002 - O julgamento foi retomado. Após cinco sessões, entre os 144 acusados julgados, 142 foram absolvidos (soldados e 1 oficial) e dois condenados (coronel Pantoja e major Oliveira), com o benefício de recorrer da decisão em liberdade. Em decorrência dos benefícios estendidos aos dois únicos condenados, as testemunhas de acusação não compareceram mais ao julgamento, em função de ameaças de morte e por não acreditar na seriedade do julgamento. Durante vinte dias, jornais do Estado do Pará publicaram detalhes sobre intimidações e ameaças de morte que estariam recebendo as principais testemunhas da acusação, principalmente Raimundo Araújo dos Anjos e Valderes Tavares. Nada foi feito em relação à proteção e salvaguarda de tais testemunhas. O MST não aceitou participar de um julgamento onde não estivessem sequer garantidas a segurança e a tranqüilidade das pessoas fundamentais para a acusação.
Novembro de 2004 - A 2ª Câmara do Tribunal de Justiça do Pará julga numa só sessão todos os recursos da defesa e da acusação e mantém a decisão dos dois julgamentos realizados pelo Tribunal do Júri, absolvendo os 142 policiais militares e condenando o coronel Pantoja (228 anos de prisão) e o major Oliveira (154 anos de prisão).
22 de setembro de 2005 – O coronel Pantoja é posto em liberdade por decisão do Supremo Tribunal Federal.
13 de outubro de 2005 – O major Oliveira é posto em liberdade por decisão do Supremo Tribunal Federal.
2006 - Recurso especial é apresentado ao Superior Tribunal de Justiça e, posteriormente, recurso extraordinário é apresentado ao Supremo Tribunal Federal.
Abril/2007 - A governadora do estado Ana Júlia Carepa assinou decreto que concede indenização e pensões especiais a 22 famílias de trabalhadores sem-terra vítimas da chacina. “O que eu fiz foi reparar uma injustiça, reconhecendo a responsabilidade do governo do Estado”, disse Ana Júlia. A governadora classificou o massacre de Eldorado do Carajás como “um dos episódios que mais envergonhou não só o Pará diante do Brasil, mas o Pará diante do mundo”.
Setembro/2008 - O governo de Ana Júlia Carepa promoveu os soldados que participaram do Massacre de Eldorado do Carajás. Entre 87 e 90 policiais foram promovidos a cabo. Apesar de todos os promovidos já terem sido absolvidos em primeira instância pela acusação de homicídio qualificado, ainda há um recurso no STJ (Supremo Tribunal de Justiça) que pede suas condenações.
Rafael Correa reeleito no Equador!!!
Mídia é derrotada mais uma vez
Povo equatoriano consagra Correa e movimento Aliança País
O povo equatoriano ratificou domingo (26) seu crescente apoio ao processo de transformações encabeçado pelo presidente Rafael Correa e seu Movimento Aliança País. Além de reeleger Correa no primeiro turno - fato que ocorre pela primeira vez em duas décadas -, com cerca de 52% dos votos, contra 28% do segundo colocado, os eleitores deram ao movimento patriótico a ampla maioria dos governos estaduais e municipais, e garantiram as maiores bancadas parlamentares no Congresso Nacional (unicameral), nas Assembléias e Câmaras Legislativas.
Entre as principais conquistas da "Revolução Cidadã" destacam-se a aprovação da Nova Constituição, em 28 de setembro do ano passado - com o fortalecimento do papel do Estado, da soberania nacional e do controle social sobre os setores estratégicos da economia -; a ampliação dos investimentos públicos na saúde, educação, moradia e obras de infraestrutura; a eliminação da terceirização e da intermediação de mão-de-obra e a reorientação da política externa, com a promoção da integração regional - através de organismos como a Unasul -, a suspensão do pagamento dos juros da dívida "ilegal e ilegítima" e a retomada, ainda neste ano, da base naval de Manta, hoje ocupada por tropas estadunidenses. Além disso, o governo decidiu realizar duas auditorias fundamentais para o pleno desenvolvimento da economia e da democracia, passando a limpo a partir de uma análise criteriosa a dívida externa - multiplicada pelos governos anteriores - e as concessões públicas de rádio e televisão, ambas comprovadamente contaminadas pela corrupção.
"Esta revolução está em marcha e nada nem ninguém a detém. Hoje renovamos o nosso compromisso com os mais pobres. Não somos excludentes, mas nosso governo tem uma opção preferencial, para que a Pátria seja, efetivamente, de todos", afirmou Rafael Correa, logo após a divulgação da primeira pesquisa de boca de urna, que já apontava a vitória por ampla margem. "Precisamos, portanto, fazer com que este imenso capital político se transforme em organização", enfatizou, pois "a luta é entre o povo e os que seqüestraram, venderam e traíram a Pátria".
Desde o final da tarde de domingo, milhares de simpatizantes começaram a chegar até a sede da Aliança País, em frente à Tribuna do Parque Carolina, em Quito, para comemorar ao lado de seu presidente a acachapante derrota imposta à campanha midiático-banqueirista e ao imperialismo norte-americano.
Mídia
Para que o leitor tenha uma idéia do monopólio midiático entrincheirado na oposição a Correa, vale lembrar que, na televisão aberta, 19 famílias ainda controlam 298 das 348 frequências existentes. "Há uma relação incestuosa entre os bancos e os meios de comunicação, especialmente na televisão, onde um dos grandes acionistas do Banco de Pichincha, o maior do país, é proprietário da cadeia Teleamazonas, que detém 43 concessões a nível nacional, além de possuir as revistas Gestión e Diners", informou o jornalista Eduardo Tamayo, do Fórum Equatoriano de Comunicação.
Um dos compromissos da Aliança País, inscrita na nova Constituição, é precisamente o impedimento à formação de "oligopólio ou monopólio, direto ou indireto, da propriedade dos meios de comunicação e do uso das freqüências", com expressa proibição às entidades ou grupos financeiros, seus representantes legais, membros da diretoria e acionistas de controlar seu investimento ou patrimônio. Além disso, se estabeleceu um prazo de dois anos para que o setor financeiro se desfaça das ações que possui nos meios de comunicação. Ao mesmo tempo, se incentiva que na sociedade equatoriana se expressem aqueles que nunca tiveram voz, com o governo fomentando a criação de meios de comunicação públicos e comunitários, os quais são colocados, constitucionalmente, em igualdade de condições com os meios privados.
Evidentemente contrários à boa nova - que ainda está sendo gestada -, os donos das grandes redes de rádio e televisão entraram de corpo e alma na campanha. Mesmo nesta segunda-feira, quando ficou claro que deram novamente com os burros n`água, as emissoras privadas deram destaque especial a oposicionistas e à cantilena do "país dividido", com "conselhos" e "alertas" ao presidente, a quem acusam de "prepotente"e "arrogante".
Comemoração
"Minhas primeiras palavras são de agradecimento ao povo equatoriano e as segundas são para ratificar o compromisso com esta revolução. Diziam que uma vez presidente eu me acalmaria, mas nós estamos aprofundando o processo. Fiquem tranqüilos pois a cada dia que passa vamos avançar mais, não haverá volta atrás. Somos e seremos mais radicais do que nunca na luta pela justiça social", sublinhou o presidente, dirigindo-se à multidão que se assomava à sede do Aliança País.
Com o gigantesco respaldo popular vindo das urnas, lembrou Correa, "derrotamos mais uma vez a tentativa de linchamento midiático contra o nosso governo, levada a cabo por uma imprensa mafiosa, que quer ver crucificados os ladrões de galinha, muitos deles empurrados pela fome, enquanto dá sustentação imoral a banqueiros corruptos. Agora, após vencermos já no primeiro turno, dizem que o país está divido. A verdade é que estamos mais unidos do que nunca".
Rafael Correa ressaltou que "o triunfo não teria sido possível sem o trabalho de milhões de almas, corações e mãos que lutam por esta revolução", o que nos faz, "reafirmar que é preferível morrer do que perder a vida traindo os princípios e compromissos firmados". "Alerta, alerta que caminha, a espada de Bolívar pela América Latina", respondeu a multidão, fazendo tremular bandeiras de Correa ao lado de cartazes de Bolívar, do herói nacional Eloy Alfaro e de Che Guevara. Agradecendo a manifestação de carinho, Rafael pediu a todos que se recordassem dos três milhões de equatorianos que vivem no exterior, "expulsos da sua terra pela pobreza, pela discriminação, pela injustiça da falta de oportunidades" e agradeceu aos jovens que votaram pela primeira vez e aos estrangeiros residentes, que tiveram reconhecido o direito ao voto, da mesma forma que os policiais e militares. "Tínhamos sete candidatos contra o presidente Correa, atacando o governo e as conquistas da revolução. E, do lado deles, a Imprensa corrupta, comprometida com os setores econômicos e políticos oligárquicos, inventando, caluniando e mentindo. Ao mesmo tempo, essa mídia fala em liberdade de expressão. E quanto aos cidadãos, quem os defende das mentiras desta mídia?", questionou o presidente, sob aplausos.
Rafael enfatizou que o momento é de avanço, de ruptura com os anos de atraso e subserviência ao capital estrangeiro e ao sistema financeiro, de traidores que se enriqueciam às custas da miséria nacional. "Hoje temos um país com eleições, onde os cidadãos têm seus direitos políticos, esta é a democracia formal. Mas a democracia real que temos de conquistar só pode ser construída com justiça social. Sem ela não haverá democracia verdadeira. Também não haverá democracia formal que dure. Por isso reafirmo aqui o compromisso de dar minha vida se necessário para construir esta democracia real, um país mais justo no plano social, regional, étnico, com igualdade de gênero. Juntos, vamos construir uma Pátria sem opulência, porém sem esta miséria insultante que nos envergonha. Uma Pátria altiva, soberana, que nos deixe orgulhosos e da qual todos façamos parte. Ratificamos o compromisso de não retroceder jamais. Viva a revolução bolivariana e alfarista. Até a vitória sempre!".
Escrito por Leonardo Severo, de Quito - do Sítio da CUT Nacional
segunda-feira, 27 de abril de 2009
UNE promove 2º Encontro Nacional de Estudantes Negros, Negras e Cotistas
As informações sobre alojamento, inscrições e organização podem ser obtidas no blog da Diretoria de Combate ao Racismo
Um espaço privilegiado de debate e convergência sobre os impactos da adoção de Políticas de Ações Afirmativas para a população afrodescendente no ensino superior brasileiro. Assim pode ser definido o Encontro Nacional de Estudantes Negros, Negras e Cotistas da UNE (ENUNE). A segunda edição do evento acontece entre os dias 5 e 7 de junho na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Segundo o Diretor de Combate ao Racismo da UNE, Herlom Miguel, o ENUNE é um importante espaço de formação e vai privilegiar debates em torno do acesso e permanência dos estudantes negros e negras ao ensino superior. A expectativa é de um excelente encontro com universitários e secundaristas de diversas regiões do país, afirma o diretor.
"O Movimento Estudantil tem como responsabilidade pautar na agenda política brasileira esta que é talvez a mais antiga e grave nuance da questão social do Brasil – o racismo. As ações de combate ao racismo precisam ser acompanhadas de uma série de outras medidas universalizantes para reformarem a educação secundária e universitária", disse Herlom Miguel.
As informações sobre alojamento, inscrições e organização podem ser obtidas através dos emails: enune2009@gmail.com, miguelbahia@gmail.com, liliane@gmail.com; além do blog da Diretoria de Combate ao Racismo da UNE:
Do sítio da UNE
Um espaço privilegiado de debate e convergência sobre os impactos da adoção de Políticas de Ações Afirmativas para a população afrodescendente no ensino superior brasileiro. Assim pode ser definido o Encontro Nacional de Estudantes Negros, Negras e Cotistas da UNE (ENUNE). A segunda edição do evento acontece entre os dias 5 e 7 de junho na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Segundo o Diretor de Combate ao Racismo da UNE, Herlom Miguel, o ENUNE é um importante espaço de formação e vai privilegiar debates em torno do acesso e permanência dos estudantes negros e negras ao ensino superior. A expectativa é de um excelente encontro com universitários e secundaristas de diversas regiões do país, afirma o diretor.
"O Movimento Estudantil tem como responsabilidade pautar na agenda política brasileira esta que é talvez a mais antiga e grave nuance da questão social do Brasil – o racismo. As ações de combate ao racismo precisam ser acompanhadas de uma série de outras medidas universalizantes para reformarem a educação secundária e universitária", disse Herlom Miguel.
As informações sobre alojamento, inscrições e organização podem ser obtidas através dos emails: enune2009@gmail.com, miguelbahia@gmail.com, liliane@gmail.com; além do blog da Diretoria de Combate ao Racismo da UNE:
Do sítio da UNE
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Senado aprova fim de taxa de inscrição para vestibular das federais
Para entrar em vigor, além de passar pelo crivo dos deputados, precisa ser sancionada pelo presidente Lula
Projeto de lei aprovado nesta quinta-feira (23) pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado afirma que alunos que tiverem cursado o ensino médio em escola pública não precisarão mais pagar taxa de inscrição para o vestibular de universidades federais.
Estudantes com renda familiar de até dois salários mínimos também seriam beneficiados. O texto não especifica, porém, como esse rendimento seria comprovado. A proposta, de autoria do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), tem caráter terminativo, ou seja, segue para a Câmara sem ter que passar pelo plenário do Senado.
Para entrar em vigor, além de passar pelo crivo dos deputados, precisa ser sancionada pelo presidente Lula. A cobrança de taxas de vestibular varia de acordo com cada universidade, mas a maioria delas já oferece algum tipo de isenção segundo critérios socioeconômicos.
Na Unifesp, foram cobrados R$ 100 no ano passado. Na UFABC, R$ 90 para os que optaram pela prova tradicional e o exame foi gratuito aos que se inscreveram somente com a nota do Enem. Ambas as universidades, como outras, têm critérios de isenção.
Para Frei David, representante da Educafro (Educação e Cidadania de Afro descendentes e Carentes), "essa é mais uma batalha vencida, motivo para comemoração solene junto ao presidente Lula", o Frei ainda relembra os mais de 300 mandados de segurança realizados pela Educafro contra universidades do Rio de Janeiro que impossibilitavam a participação de vestibulandos em processos seletivos pelo não pagamento da taxa, um dos principais motivos de exclusão a alunos carentes.
Segundo Lúcia Stumpf, presidente da UNE, "esse projeto de lei se junta a unificação dos vestibulares para dar mais um passo na democratização do acesso, bandeira defendida a muito pela entidade. Essas medidas somam-se para reforçar o plano nacional de assistência estudantil que tende a possibilitar melhores condições de acesso a educação para alunos de baixa renda".
Do sítio da UNE
Projeto de lei aprovado nesta quinta-feira (23) pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado afirma que alunos que tiverem cursado o ensino médio em escola pública não precisarão mais pagar taxa de inscrição para o vestibular de universidades federais.
Estudantes com renda familiar de até dois salários mínimos também seriam beneficiados. O texto não especifica, porém, como esse rendimento seria comprovado. A proposta, de autoria do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), tem caráter terminativo, ou seja, segue para a Câmara sem ter que passar pelo plenário do Senado.
Para entrar em vigor, além de passar pelo crivo dos deputados, precisa ser sancionada pelo presidente Lula. A cobrança de taxas de vestibular varia de acordo com cada universidade, mas a maioria delas já oferece algum tipo de isenção segundo critérios socioeconômicos.
Na Unifesp, foram cobrados R$ 100 no ano passado. Na UFABC, R$ 90 para os que optaram pela prova tradicional e o exame foi gratuito aos que se inscreveram somente com a nota do Enem. Ambas as universidades, como outras, têm critérios de isenção.
Para Frei David, representante da Educafro (Educação e Cidadania de Afro descendentes e Carentes), "essa é mais uma batalha vencida, motivo para comemoração solene junto ao presidente Lula", o Frei ainda relembra os mais de 300 mandados de segurança realizados pela Educafro contra universidades do Rio de Janeiro que impossibilitavam a participação de vestibulandos em processos seletivos pelo não pagamento da taxa, um dos principais motivos de exclusão a alunos carentes.
Segundo Lúcia Stumpf, presidente da UNE, "esse projeto de lei se junta a unificação dos vestibulares para dar mais um passo na democratização do acesso, bandeira defendida a muito pela entidade. Essas medidas somam-se para reforçar o plano nacional de assistência estudantil que tende a possibilitar melhores condições de acesso a educação para alunos de baixa renda".
Do sítio da UNE
Mais denúncias justificam CPI para máfia da merenda em SP
O líder da Bancada do PT na Câmara de Vereadores de São Paulo, João Antônio, voltou a defender a instalação urgente de uma comissão parlamentar de inquérito para averiguar irregularidades no fornecimento da merenda escolar na rede municipal de ensino. Na semana passada os meios de comunicação divulgaram que o Ministério Público encontrou mais indícios de crimes envolvendo os fornecedores da Prefeitura de São Paulo.
A “máfia da merenda” foi denunciada pelo MP em fevereiro. Seis empresas que, juntas, recebem ao ano R$ 258 milhões em contratos firmados em 2007, são acusadas de fornecer comida de qualidade inferior aos alunos, superfaturar produtos e aliciar servidores públicos para fraudar licitações.
Agora, o MP descobriu também a prestação do serviço sem contrato em 111 escolas, cerca de 400 processos de multas ‘arquivados’ e saques na ‘boca do caixa’ no total de R$ 22 milhões em três anos, efetuados por uma empresa.
Assim que o escândalo estourou em fevereiro a Bancada do PT protocolou um pedido de CPI para investigar o caso, mas a base governista impediu sua criação.
“O que a imprensa noticiou reforça tudo aquilo que já falamos sobre a necessidade de ser aberta com urgência uma CPI”, declarou João Antônio.
A “máfia da merenda” foi denunciada pelo MP em fevereiro. Seis empresas que, juntas, recebem ao ano R$ 258 milhões em contratos firmados em 2007, são acusadas de fornecer comida de qualidade inferior aos alunos, superfaturar produtos e aliciar servidores públicos para fraudar licitações.
Agora, o MP descobriu também a prestação do serviço sem contrato em 111 escolas, cerca de 400 processos de multas ‘arquivados’ e saques na ‘boca do caixa’ no total de R$ 22 milhões em três anos, efetuados por uma empresa.
Assim que o escândalo estourou em fevereiro a Bancada do PT protocolou um pedido de CPI para investigar o caso, mas a base governista impediu sua criação.
“O que a imprensa noticiou reforça tudo aquilo que já falamos sobre a necessidade de ser aberta com urgência uma CPI”, declarou João Antônio.
Pelo desenvolvimento com trabalho, renda e direitos: 1º de maio de luta da subsede de Bauru terá shows, prestação de serviços e ato político
A subsede de Bauru da Central Única dos Trabalhadores e sindicatos filiados, promoverão, em parceria com a Prefeitura Municipal de Bauru, o PRIMEIRO DE MAIO DE LUTA, com o tema "Desenvolvimento com trabalho, renda e direitos". As atividades em comemoração ao Dia do Trabalhador terão início às 11h, no Parque Vitória Régia, onde são esperadas cerca de dez mil pessoas durante toda a programação que deve durar até às 20h.
Além de Shows de bandas conhecidas do público regional como Monte de Bossa, Paulinho Carioca e Banda, Tribal Acústico, Amigos S/A, o palco terá também as presenças da dupla Henrik e Manoel e do Show de humor de Giovana Jery e Naomi Sayx. Às 17h, haverá um Ato Público com a presença de lideranças da Central e da Administração Pública da Cidade de Bauru que dialogarão com os participantes sobre os desafios da classe trabalhadora da região sobre desenvolvimento com geração de emprego e renda e garantia de direitos, frente à atual conjuntura.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
A parceria com a Prefeitura Municipal possibilitará a execucão de diversos serviços públicos nas áreas de Saúde e Assistência Social. O Banco do Povo confirmou presença com objetivo de divulgar seus serviços e dar oportunidade aos pequenos empreendedores de Bauru e da Região de conhecerem a acessarem suas linhas de crédito. Já a Caixa Econômica Federal estará presente com o programa "Minha Casa, Minha Vida", lançado oficialmente na semana passada. O evento contará ainda com um estande jurídico que realizará consultas gratuitas, principalmente na área trabalhista.
Plenária sugere passos para novo Setorial de Segurança Pública
Cerca de 30 militantes petistas de oito estados do país – SP, DF, RS, PA, ES, SC, RJ e MT – reuniram-se no dia 13 de abril na sede nacional do PT na I Plenária Nacional de Petistas Militantes na Área de Segurança Pública e indicaram à Executiva Nacional passos para a construção de um Setorial Nacional de Segurança Pública e de ampliação do debate do tema em consonância com a preparação da I Conferência Nacional de Segurança Pública.
Convocada e coordenada pela Secretaria Nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais, a plenária reuniu petistas de diferentes espaços de militância na área da segurança pública, como gestores municipais, parlamentares estaduais e federais, profissionais (policiais civis e militares, peritos criminais, agentes penitenciários e guardas municipais), integrantes de movimentos de direitos humanos e gestores federais.
A coordenadora-geral da I Conferência Nacional de Segurança Pública e assessora do Ministério da Justiça, Regina Miki, apresentou o conteúdo e a metodologia da I Conferência Nacional de Segurança Pública. O Secretário Nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais, Renato Simões, apresentou as resoluções do III Congresso do PT sobre os Setoriais e a metodologia para a organização de novos setoriais. A Secretária Nacional de Juventude do PT, Severine Macedo, informou sobre as atividades que a JPT pretende realizar sobre o tema, inclusive a realização de uma conferência livre sobre Juventude e Segurança Pública. O subsecretário de Promoção dos Direitos Humanos da SEDH, Secretaria Especial de Direitos Humanos, Perly Cipriano, apresentou propostas de vinculação do tema da segurança com os temas de direitos humanos e de outras conferências que se realizam neste ano de 2009.
A proposta de organização de um setorial nacional de Direitos Humanos foi apresentada por todos/as os/as oradores/as. Como forma de ampliar o debate entre os/as petistas sobre o tema da segurança e buscar uma intervenção qualificada na I
Conferência, foram apresentadas e aprovadas as seguintes propostas de encaminhamento, em especial buscando articular o processo da Conferência com a de organização dos/as petistas nos planos municipal, estadual e nacional:
1. Apresentação de um informe sobre a Plenária na próxima reunião da Executiva Nacional do PT, com a solicitação de autorização para o início do processo de constituição de um Setorial Nacional de Segurança Pública do PT, vinculado à Secretaria Nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais;
2. Realização de uma vídeo-conferência nacional sobre os temas e a metodologia da
I Conferência Nacional de Segurança Pública, visando aglutinar nas Assembléias Legislativas dos estados militantes petistas da área de segurança para discutir a mesma pauta da I Plenária Nacional: I Conferência e organização setorial, a cargo da Secretaria Nacional e das Secretarias Estaduais de Movimentos Populares e Políticas Setoriais, no máximo até a primeira quinzena de maio;
3. Lançamento de um Caderno Virtual de Debates sobre os temas da I Conferência Nacional de Segurança Pública e da organização setorial, no portal do PT, sob coordenação da Secretaria Nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais e da Secretaria Nacional de Comunicação;
4. Lançamento do desafio aos Diretórios Estaduais, através das Secretarias Estaduais de Movimentos Populares e Políticas Setoriais, de realizar, até o mês de julho, ao menos uma Conferência Livre sobre um dos temas da I Conferência Nacional de Segurança Pública, a ser definido em conjunto com a militância na área em cada estado;
5. Lançamento do desafio aos Diretórios Municipais e Estaduais para a realização de uma plenária de militantes petistas acoplada às Conferências Municipais e Estaduais, de modo a estimular e qualificar a participação no processo das Conferências e buscar a indicação de delegados/as às Conferências Estaduais e Nacional;
6. Ampliação da participação de petistas militantes na área nos seminários temáticos da I Conferência Nacional de Segurança Pública;
7. Realização de uma II Plenária Nacional de Militantes Petistas na Área de Segurança, com os/as petistas delegados/as à I Conferência Nacional de Segurança Pública, em Brasília, no dia 26 de agosto de 2009, véspera da abertura da I Conferência;
8. Organização do Setorial Nacional de Segurança Pública do PT, de acordo com o calendário e regulamentação do PED/2009.
Um grupo de mobilização para viabilizar esse cronograma foi escolhido na plenária, e
funcionará junto à Secretaria Nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais
até a II Plenária.
Convocada e coordenada pela Secretaria Nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais, a plenária reuniu petistas de diferentes espaços de militância na área da segurança pública, como gestores municipais, parlamentares estaduais e federais, profissionais (policiais civis e militares, peritos criminais, agentes penitenciários e guardas municipais), integrantes de movimentos de direitos humanos e gestores federais.
A coordenadora-geral da I Conferência Nacional de Segurança Pública e assessora do Ministério da Justiça, Regina Miki, apresentou o conteúdo e a metodologia da I Conferência Nacional de Segurança Pública. O Secretário Nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais, Renato Simões, apresentou as resoluções do III Congresso do PT sobre os Setoriais e a metodologia para a organização de novos setoriais. A Secretária Nacional de Juventude do PT, Severine Macedo, informou sobre as atividades que a JPT pretende realizar sobre o tema, inclusive a realização de uma conferência livre sobre Juventude e Segurança Pública. O subsecretário de Promoção dos Direitos Humanos da SEDH, Secretaria Especial de Direitos Humanos, Perly Cipriano, apresentou propostas de vinculação do tema da segurança com os temas de direitos humanos e de outras conferências que se realizam neste ano de 2009.
A proposta de organização de um setorial nacional de Direitos Humanos foi apresentada por todos/as os/as oradores/as. Como forma de ampliar o debate entre os/as petistas sobre o tema da segurança e buscar uma intervenção qualificada na I
Conferência, foram apresentadas e aprovadas as seguintes propostas de encaminhamento, em especial buscando articular o processo da Conferência com a de organização dos/as petistas nos planos municipal, estadual e nacional:
1. Apresentação de um informe sobre a Plenária na próxima reunião da Executiva Nacional do PT, com a solicitação de autorização para o início do processo de constituição de um Setorial Nacional de Segurança Pública do PT, vinculado à Secretaria Nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais;
2. Realização de uma vídeo-conferência nacional sobre os temas e a metodologia da
I Conferência Nacional de Segurança Pública, visando aglutinar nas Assembléias Legislativas dos estados militantes petistas da área de segurança para discutir a mesma pauta da I Plenária Nacional: I Conferência e organização setorial, a cargo da Secretaria Nacional e das Secretarias Estaduais de Movimentos Populares e Políticas Setoriais, no máximo até a primeira quinzena de maio;
3. Lançamento de um Caderno Virtual de Debates sobre os temas da I Conferência Nacional de Segurança Pública e da organização setorial, no portal do PT, sob coordenação da Secretaria Nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais e da Secretaria Nacional de Comunicação;
4. Lançamento do desafio aos Diretórios Estaduais, através das Secretarias Estaduais de Movimentos Populares e Políticas Setoriais, de realizar, até o mês de julho, ao menos uma Conferência Livre sobre um dos temas da I Conferência Nacional de Segurança Pública, a ser definido em conjunto com a militância na área em cada estado;
5. Lançamento do desafio aos Diretórios Municipais e Estaduais para a realização de uma plenária de militantes petistas acoplada às Conferências Municipais e Estaduais, de modo a estimular e qualificar a participação no processo das Conferências e buscar a indicação de delegados/as às Conferências Estaduais e Nacional;
6. Ampliação da participação de petistas militantes na área nos seminários temáticos da I Conferência Nacional de Segurança Pública;
7. Realização de uma II Plenária Nacional de Militantes Petistas na Área de Segurança, com os/as petistas delegados/as à I Conferência Nacional de Segurança Pública, em Brasília, no dia 26 de agosto de 2009, véspera da abertura da I Conferência;
8. Organização do Setorial Nacional de Segurança Pública do PT, de acordo com o calendário e regulamentação do PED/2009.
Um grupo de mobilização para viabilizar esse cronograma foi escolhido na plenária, e
funcionará junto à Secretaria Nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais
até a II Plenária.
Jogo eleitoreiro: Tucano paulista evita adesão ao programa habitacional
Enquanto a maioria dos estados busca formas de ampliar a participação no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, com o qual o governo federal pretende construir 1 milhão de moradias em todo país, o governo de São Paulo, comandado por José Serra (PSDB), tenta de todas as formas criar obstáculos para que o programa seja adotado em São Paulo. Estado que, é bom lembrar, concentra o maior déficit habitacional do país e já tem mais de meio milhão de famílias inscritas na fila à espera da casa própria.
O Plano habitacional do governo federal prevê que o Estado de São Paulo tenha o maior lote de moradias. Estão previstas no programa do governo federal 183.995 casas ou apartamentos só para o Estado de São Paulo. O déficit habitacional é bem maior em São Paulo que em qualquer outro Estado do Brasil. Faltam 1.478.495 moradias no Estado.
Segundo observadores da política paulista, a postura do governador Serra "é puro jogo eleitoreiro, com vistas exclusivamente a 2010". Serra estaria incomodado com o fato do governo federal ficar com os "bônus" do programa, chefiado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, possível rival de Serra nas eleições presidenciais de 2010.
Os argumentos levantados pelo governo paulista contra o programa são de ordem burocrática. Serra quer que a verba destinada ao programa seja administrada pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano), para, através dela, fazer os contratos com as construtoras e o gerenciamento das obras.
Para a opinião pública, o tucano usa como desculpa para não aderir ao programa que não concorda que o Estado só doe o terreno e cadastre as famílias. Ele quer, também, participar da construção dos imóveis.
Na verdade, os tucanos reivindicam o dinheiro porque a CDHU contingencia recursos para o superávit do Estado.
Para a secretária nacional de Habitação do Ministério das Cidades, Inês Magalhães, as condições impostas por São Paulo para aderir ao "Minha casa, minha vida" não são consistentes. Segundo ela, o programa federal não prevê esse repasse de verba, reivindicado pelo governador José Serra, para que Estados e municípios façam a construção dos imóveis.
Nesse programa habitacional de 1 milhão de casas, a prioridade é construir do zero para gerar emprego. "Os Estados podem continuar com seus programas (habitacionais) e ainda aderirem ao Minha casa, minha vida", explica a secretária ao rebater outra justificativa do governo paulista: a de que através de sua empresa de habitação já se constrói residências em São Paulo.
"Já há R$ 1 bilhão de recursos do PAC disponível para a CDHU", lembra ela, mostrando que a companhia habitacional paulista (leia nota acima) já é contemplada com recursos do governo federal.
Pelo programa federal, as construtoras privadas recebem os recursos para a construção das casas mediante projetos aprovados pela União. Os imóveis são financiados para famílias com renda de até três salários mínimos (R$ 1.395, atualmente), que pagarão prestações equivalentes a R$ 50,00 (hoje) por 10 anos.
Na interpretação do deputado estadual Simão Pedro (PT), coordenador da Frente Parlamentar de Habitação e Reforma Urbana paulista: "a atitude do Estado é política, e não técnica. Serra evita a adesão por considerar que o programa dará visibilidade à candidatura (presidencial) de Dilma."
O Plano habitacional do governo federal prevê que o Estado de São Paulo tenha o maior lote de moradias. Estão previstas no programa do governo federal 183.995 casas ou apartamentos só para o Estado de São Paulo. O déficit habitacional é bem maior em São Paulo que em qualquer outro Estado do Brasil. Faltam 1.478.495 moradias no Estado.
Segundo observadores da política paulista, a postura do governador Serra "é puro jogo eleitoreiro, com vistas exclusivamente a 2010". Serra estaria incomodado com o fato do governo federal ficar com os "bônus" do programa, chefiado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, possível rival de Serra nas eleições presidenciais de 2010.
Os argumentos levantados pelo governo paulista contra o programa são de ordem burocrática. Serra quer que a verba destinada ao programa seja administrada pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano), para, através dela, fazer os contratos com as construtoras e o gerenciamento das obras.
Para a opinião pública, o tucano usa como desculpa para não aderir ao programa que não concorda que o Estado só doe o terreno e cadastre as famílias. Ele quer, também, participar da construção dos imóveis.
Na verdade, os tucanos reivindicam o dinheiro porque a CDHU contingencia recursos para o superávit do Estado.
Para a secretária nacional de Habitação do Ministério das Cidades, Inês Magalhães, as condições impostas por São Paulo para aderir ao "Minha casa, minha vida" não são consistentes. Segundo ela, o programa federal não prevê esse repasse de verba, reivindicado pelo governador José Serra, para que Estados e municípios façam a construção dos imóveis.
Nesse programa habitacional de 1 milhão de casas, a prioridade é construir do zero para gerar emprego. "Os Estados podem continuar com seus programas (habitacionais) e ainda aderirem ao Minha casa, minha vida", explica a secretária ao rebater outra justificativa do governo paulista: a de que através de sua empresa de habitação já se constrói residências em São Paulo.
"Já há R$ 1 bilhão de recursos do PAC disponível para a CDHU", lembra ela, mostrando que a companhia habitacional paulista (leia nota acima) já é contemplada com recursos do governo federal.
Pelo programa federal, as construtoras privadas recebem os recursos para a construção das casas mediante projetos aprovados pela União. Os imóveis são financiados para famílias com renda de até três salários mínimos (R$ 1.395, atualmente), que pagarão prestações equivalentes a R$ 50,00 (hoje) por 10 anos.
Na interpretação do deputado estadual Simão Pedro (PT), coordenador da Frente Parlamentar de Habitação e Reforma Urbana paulista: "a atitude do Estado é política, e não técnica. Serra evita a adesão por considerar que o programa dará visibilidade à candidatura (presidencial) de Dilma."
Berzoini anuncia ação contra propaganda alarmista e mentirosa do PPS na TV
O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), repudiou nesta quinta-feira (23) o boato que vem sendo espalhado pelo PPS, em inserções na televisão e no rádio, de que o governo Lula vai mexer na caderneta de poupança, como fez o governo Collor em 1990, confiscando depósitos. “Ao manipular informações com o objetivo de alarmar as pessoas, o PPS age como uma sublegenda dos neoliberais tucanos e a serviço do governador de São Paulo, José Serra. O PPS utiliza de forma indevida o horário partidário no rádio e televisão para espalhar o pânico”, disse Berzoini.
A assessoria jurídica do PT vai encaminhar um questionamento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre as inserções do PPS. “A utilização do horário eleitoral de modo indevido prejudica uma conquista democrática. É inadmissível que o PPS utilize o espaço reservado aos partidos como está fazendo, manipulando informações”, disse o presidente do PT.
Segundo ele, o PPS, sob a gestão do ex-senador Roberto Freire (PE) está “cada vez mais alinhado à direita brasileira, servindo de instrumento de ataque a um governo de enorme popularidade, especialmente em Pernambuco”, de onde é o dirigente do PPS. Berzoini também estranhou o fato de Freire ser conselheiro da EMURB (empresa municipal de urbanização) e da SP Turismo, da Prefeitura de São Paulo, “sem ter nenhuma relação histórica com as empresas ou o próprio estado”.
Constituição
O deputado Fernando Ferro (PT-PE) aconselhou aos membros do PPS lerem a Constituição Federal que, no artigo 62, parágrafo primeiro, inciso II, proíbe claramente qualquer tipo de confisco financeiro, como fez o Governo Collor em 1990. “Por má-fé, o PPS , no afã de se mostrar simpático ao governador José Serra (possível candidato tucano à presidência da República em 2010) está propagando uma calúnia”.
Ele observou que a propaganda do PPS é feita pelo deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que “está agindo como um ventríloquo tucano. É uma enorme irresponsabilidade espalhar um boato que mexe com todos os brasileiros.” Para Ferro, o PPS também é agremiação que age como instrumento do PSDB, com o qual atua como sublegenda.
O deputado EduardoValverde (PT-RO) analisa que o boato espalhado faz “terrorismo com a população brasileira”, ao incutir na mente das pessoas que poderia haver “um sequestro da poupança, como fez o governo Collor. Ele também frisou que a Constituição brasileira é clara na proibição a este tipo de medida. “Podemos tranquilizar a população de que o presidente Lula não vai mudar as regras da poupança para causar prejuízos aos pequenos poupadores”, disse Valverde.
A assessoria jurídica do PT vai encaminhar um questionamento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre as inserções do PPS. “A utilização do horário eleitoral de modo indevido prejudica uma conquista democrática. É inadmissível que o PPS utilize o espaço reservado aos partidos como está fazendo, manipulando informações”, disse o presidente do PT.
Segundo ele, o PPS, sob a gestão do ex-senador Roberto Freire (PE) está “cada vez mais alinhado à direita brasileira, servindo de instrumento de ataque a um governo de enorme popularidade, especialmente em Pernambuco”, de onde é o dirigente do PPS. Berzoini também estranhou o fato de Freire ser conselheiro da EMURB (empresa municipal de urbanização) e da SP Turismo, da Prefeitura de São Paulo, “sem ter nenhuma relação histórica com as empresas ou o próprio estado”.
Constituição
O deputado Fernando Ferro (PT-PE) aconselhou aos membros do PPS lerem a Constituição Federal que, no artigo 62, parágrafo primeiro, inciso II, proíbe claramente qualquer tipo de confisco financeiro, como fez o Governo Collor em 1990. “Por má-fé, o PPS , no afã de se mostrar simpático ao governador José Serra (possível candidato tucano à presidência da República em 2010) está propagando uma calúnia”.
Ele observou que a propaganda do PPS é feita pelo deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que “está agindo como um ventríloquo tucano. É uma enorme irresponsabilidade espalhar um boato que mexe com todos os brasileiros.” Para Ferro, o PPS também é agremiação que age como instrumento do PSDB, com o qual atua como sublegenda.
O deputado EduardoValverde (PT-RO) analisa que o boato espalhado faz “terrorismo com a população brasileira”, ao incutir na mente das pessoas que poderia haver “um sequestro da poupança, como fez o governo Collor. Ele também frisou que a Constituição brasileira é clara na proibição a este tipo de medida. “Podemos tranquilizar a população de que o presidente Lula não vai mudar as regras da poupança para causar prejuízos aos pequenos poupadores”, disse Valverde.
Fortalecer o PT para mudar a UNE
*Bruno Elias
A realização do Encontro Nacional dos Estudantes do PT e o início das eleições de delegadas/os ao Congresso da UNE estimularam um debate importante no partido. Trata-se, afinal, de debatermos sobre o papel político a ser jogado pela juventude do PT na construção de uma UNE e um movimento estudantil democrático, de lutas e que estejam à altura dos desafios colocados para a esquerda no próximo período.
Colaborando com este debate, os companheiros Rafael Chagas, da executiva da UNE e Joaquim Soriano, da executiva nacional do PT, apresentaram em recente artigo a opinião de que frente a tais desafios, a juventude do PT deveria, no próximo Congresso da UNE, construir com as juventudes do PCdoB (UJS) e do PSB o que eles chamam de “unidade da esquerda na UNE”.
Consideramos esta opinião parcialmente correta. Ela acerta quando aponta a necessidade de unidade, mas erra quando propõe um tipo de unidade que bloqueia as mudanças necessárias para que a UNE esteja a altura dos desafios contemporâneos. Na nossa opinião, a unidade que mais contribui é a unidade do PT e dos demais setores que pautam a democratização da UNE, impulsionando uma alternativa política para a UNE e para o movimento estudantil.
2010 e os próximos anos
O próximo congresso e gestão da UNE se situarão num ambiente de crise mundial, cujo desfecho dependerá da mobilização massiva dos trabalhadores e da juventude.
As classes dominantes, em resposta a atual crise, querem socializar os prejuízos. Na educação, isto se traduz na pressão por cortes dos investimentos públicos em educação, bem como nas propostas de socorro aos tubarões de ensino, nas demissões, atrasos salariais e aumento de mensalidades nas escolas privadas.
Contra a política das classes dominantes, é certo que há inúmeros pontos de contato e unidade com as posições de outras juventudes partidárias. Inclusive no tocante as eleições de 2010.
No caso da UNE, no entanto, esse exercício deve ir além da retórica ou dos projetos comuns de resolução nos fóruns da entidade, já que na vida real a direção majoritária da UNE tem optado pela política do “vale mais um mau acordo do que uma boa briga” com os tubarões de ensino, reitorias e, inclusive, contra medidas governamentais conservadoras.
O PCdoB e seus aliados na UNE tentam muitas vezes reduzir as discussões sobre o papel do movimento estudantil na atual conjuntura, a uma polarização entre os favoráveis e os contrários ao governo Lula. Para justificar uma política de alianças, que não raro inclui a direita, superestimam as posições da ultra-esquerda – amplamente minoritária na base do movimento.
Tal polarização, além de artificial, acaba resultando no seu contrário, pois dá palanque ao esquerdismo, tornando mais difícil a posição daqueles que apóiam o governo, mas não aceitam uma UNE chapa branca.
A situação do movimento estudantil e da UNE
O que também exige uma discussão fundamental, porém escapa à avaliação do texto dos companheiros da Democracia Socialista, é a situação atual do movimento estudantil.
Partimos de uma avaliação menos ufanista da atual situação da UNE e do movimento estudantil brasileiro.
Para além dos impactos do conservadorismo ideológico e do refluxo do movimento de massas, acreditamos que a UNE e o ME vivem um momento de profunda dispersão, tencionada por uma crise presente de legitimidade e representatividade perante sua base social.
Além disso, a UNE e o conjunto do movimento estudantil não tem conseguido acompanhar as profundas mudanças ocorridas no perfil da juventude, dos estudantes e da educação superior. O ME, embora seja ainda o movimento juvenil mais organizado do país, está longe de ser a única expressão organizada da diversidade da juventude brasileira.
Compreender essas mudanças é fundamental para darmos lastro a uma pauta e agenda política que se identifiquem com a realidade dos estudantes. Se a sociedade mudou, a universidade mudou e os estudantes mudaram, porque o movimento estudantil deveria se organizar da mesma maneira? Recolocar o ME e a UNE a frente de grandes lutas no país exigirá um diagnóstico sério sobre essas e outras questões.
Todas as forças que dirigem a UNE são responsáveis pela sua incapacidade em enfrentar estes problemas. Mas, convenhamos, a responsabilidade do PCdoB e da União da Juventude Socialista e aliados é proporcional ao peso que eles possuem na direção da entidade.
Não estamos entre aqueles que consideram que a UJS é o “mal” do movimento estudantil. Contudo, ao ser fiadora de uma cultura política e de organização que imprime à ação das entidades uma orientação defensiva, institucionalizada e distante de sua base social, essa organização não ajuda a retomarmos o protagonismo da UNE e do movimento estudantil.
A tímida referência de Chagas e Soriano aos “avanços” da entidade indica tão somente o que todos já sabem: no essencial nada mudou. Ou seja, a relação da UNE com o conjunto do ME enfrenta limites cada vez maiores, sua linha política continua conciliatória e o controle da entidade permanece centralizado.
Construir uma nova direção para o movimento estudantil é, por óbvio, muito mais do que derrotar uma direção majoritária. Mas achamos impossível construir uma “nova” hegemonia, a partir de uma composição com a “atual” força hegemônica. O máximo que se pode conseguir, através deste caminho, é participar da maioria, não mudar a sua direção.
Nossa defesa da UNE é combinada com a defesa de mudanças profundas na condução e organização da entidade. No caso dos jovens petistas, essa defesa deve contribuir para elevar o nível de consciência dos estudantes, combatendo os autonomismos, a falta de referência partidária, o movimentismo e combatendo igualmente as práticas aparelhistas. Com a diferença que nós nunca patrocinamos, nem patrocinaremos, a divisão das entidades de massa, a exemplo da saída da CUT impulsionada pelo PCdoB.
O momento da juventude do PT
O I Congresso da Juventude do PT foi um espaço privilegiado de debate e reflexão sobre a intervenção dos jovens petistas nos movimentos sociais, dentre os quais o movimento estudantil universitário. Nosso Congresso reconheceu de maneira acertada em suas resoluções que se “levarmos o problema de organização da juventude para nossa intervenção nos movimentos juvenis, a situação é aquém da capacidade de mobilização real do PT. Hoje, não conseguimos ocupar em nenhuma das frentes de luta dos movimentos juvenis uma posição de centralidade. Atuamos de maneira fragmentada e, em geral, levando as disputas internas para o seio dos movimentos.”
No movimento estudantil, essa fragilidade é muito presente. A atuação dos petistas enquanto “frente de tendências” – e por vezes, de interesses - nos coloca em posição subalterna à política de outras organizações juvenis e fragiliza a presença dos petistas, subrepresentados nas direções das entidades gerais.
Superar essas debilidades e construir uma identidade do petismo nos movimentos juvenis não se confunde com ingerência na autonomia dos movimentos, que historicamente defendemos. O papel que cabe ao partido e é reiterado pelos fóruns da JPT, respeita e valoriza a autonomia do movimento estudantil, submetendo suas propostas à deliberação democrática das organizações estudantis.
Por esses motivos colaboramos ativamente com a construção vitoriosa do último Encontro Nacional dos Estudantes do PT que, mobilizando 24 estados entre plenárias e encontros regionais, apontou uma plataforma e um plano de ações comuns para a juventude do PT no movimento estudantil.
Neste ENEPT pudemos perceber que há espaço para outra política no movimento estudantil e que os jovens petistas estão dispostos a dar sua contribuição. Curiosamente, companheiros que tanto resistiram em debater com a base e com os estudantes do PT nestes espaços a atuação dos petistas no Congresso da UNE, hoje são defensores dedicados de determinada tática e política de alianças para o conjunto da juventude partidária.
Por fim, saudamos a iniciativa do debate. Reitera, mesmo com as diferentes posições internas em nosso partido, a importância da UNE na luta política e para os petistas. Com o mesmo afinco que queremos uma juventude petista enraizada na classe trabalhadora, organizada para além do ME, devemos reconhecer que na organização da luta dos estudantes o PT dá grande contribuição a este que é um dos principais movimentos juvenis do país.
Bruno Elias, 1º vice presidente da União Nacional dos Estudantes
A realização do Encontro Nacional dos Estudantes do PT e o início das eleições de delegadas/os ao Congresso da UNE estimularam um debate importante no partido. Trata-se, afinal, de debatermos sobre o papel político a ser jogado pela juventude do PT na construção de uma UNE e um movimento estudantil democrático, de lutas e que estejam à altura dos desafios colocados para a esquerda no próximo período.
Colaborando com este debate, os companheiros Rafael Chagas, da executiva da UNE e Joaquim Soriano, da executiva nacional do PT, apresentaram em recente artigo a opinião de que frente a tais desafios, a juventude do PT deveria, no próximo Congresso da UNE, construir com as juventudes do PCdoB (UJS) e do PSB o que eles chamam de “unidade da esquerda na UNE”.
Consideramos esta opinião parcialmente correta. Ela acerta quando aponta a necessidade de unidade, mas erra quando propõe um tipo de unidade que bloqueia as mudanças necessárias para que a UNE esteja a altura dos desafios contemporâneos. Na nossa opinião, a unidade que mais contribui é a unidade do PT e dos demais setores que pautam a democratização da UNE, impulsionando uma alternativa política para a UNE e para o movimento estudantil.
2010 e os próximos anos
O próximo congresso e gestão da UNE se situarão num ambiente de crise mundial, cujo desfecho dependerá da mobilização massiva dos trabalhadores e da juventude.
As classes dominantes, em resposta a atual crise, querem socializar os prejuízos. Na educação, isto se traduz na pressão por cortes dos investimentos públicos em educação, bem como nas propostas de socorro aos tubarões de ensino, nas demissões, atrasos salariais e aumento de mensalidades nas escolas privadas.
Contra a política das classes dominantes, é certo que há inúmeros pontos de contato e unidade com as posições de outras juventudes partidárias. Inclusive no tocante as eleições de 2010.
No caso da UNE, no entanto, esse exercício deve ir além da retórica ou dos projetos comuns de resolução nos fóruns da entidade, já que na vida real a direção majoritária da UNE tem optado pela política do “vale mais um mau acordo do que uma boa briga” com os tubarões de ensino, reitorias e, inclusive, contra medidas governamentais conservadoras.
O PCdoB e seus aliados na UNE tentam muitas vezes reduzir as discussões sobre o papel do movimento estudantil na atual conjuntura, a uma polarização entre os favoráveis e os contrários ao governo Lula. Para justificar uma política de alianças, que não raro inclui a direita, superestimam as posições da ultra-esquerda – amplamente minoritária na base do movimento.
Tal polarização, além de artificial, acaba resultando no seu contrário, pois dá palanque ao esquerdismo, tornando mais difícil a posição daqueles que apóiam o governo, mas não aceitam uma UNE chapa branca.
A situação do movimento estudantil e da UNE
O que também exige uma discussão fundamental, porém escapa à avaliação do texto dos companheiros da Democracia Socialista, é a situação atual do movimento estudantil.
Partimos de uma avaliação menos ufanista da atual situação da UNE e do movimento estudantil brasileiro.
Para além dos impactos do conservadorismo ideológico e do refluxo do movimento de massas, acreditamos que a UNE e o ME vivem um momento de profunda dispersão, tencionada por uma crise presente de legitimidade e representatividade perante sua base social.
Além disso, a UNE e o conjunto do movimento estudantil não tem conseguido acompanhar as profundas mudanças ocorridas no perfil da juventude, dos estudantes e da educação superior. O ME, embora seja ainda o movimento juvenil mais organizado do país, está longe de ser a única expressão organizada da diversidade da juventude brasileira.
Compreender essas mudanças é fundamental para darmos lastro a uma pauta e agenda política que se identifiquem com a realidade dos estudantes. Se a sociedade mudou, a universidade mudou e os estudantes mudaram, porque o movimento estudantil deveria se organizar da mesma maneira? Recolocar o ME e a UNE a frente de grandes lutas no país exigirá um diagnóstico sério sobre essas e outras questões.
Todas as forças que dirigem a UNE são responsáveis pela sua incapacidade em enfrentar estes problemas. Mas, convenhamos, a responsabilidade do PCdoB e da União da Juventude Socialista e aliados é proporcional ao peso que eles possuem na direção da entidade.
Não estamos entre aqueles que consideram que a UJS é o “mal” do movimento estudantil. Contudo, ao ser fiadora de uma cultura política e de organização que imprime à ação das entidades uma orientação defensiva, institucionalizada e distante de sua base social, essa organização não ajuda a retomarmos o protagonismo da UNE e do movimento estudantil.
A tímida referência de Chagas e Soriano aos “avanços” da entidade indica tão somente o que todos já sabem: no essencial nada mudou. Ou seja, a relação da UNE com o conjunto do ME enfrenta limites cada vez maiores, sua linha política continua conciliatória e o controle da entidade permanece centralizado.
Construir uma nova direção para o movimento estudantil é, por óbvio, muito mais do que derrotar uma direção majoritária. Mas achamos impossível construir uma “nova” hegemonia, a partir de uma composição com a “atual” força hegemônica. O máximo que se pode conseguir, através deste caminho, é participar da maioria, não mudar a sua direção.
Nossa defesa da UNE é combinada com a defesa de mudanças profundas na condução e organização da entidade. No caso dos jovens petistas, essa defesa deve contribuir para elevar o nível de consciência dos estudantes, combatendo os autonomismos, a falta de referência partidária, o movimentismo e combatendo igualmente as práticas aparelhistas. Com a diferença que nós nunca patrocinamos, nem patrocinaremos, a divisão das entidades de massa, a exemplo da saída da CUT impulsionada pelo PCdoB.
O momento da juventude do PT
O I Congresso da Juventude do PT foi um espaço privilegiado de debate e reflexão sobre a intervenção dos jovens petistas nos movimentos sociais, dentre os quais o movimento estudantil universitário. Nosso Congresso reconheceu de maneira acertada em suas resoluções que se “levarmos o problema de organização da juventude para nossa intervenção nos movimentos juvenis, a situação é aquém da capacidade de mobilização real do PT. Hoje, não conseguimos ocupar em nenhuma das frentes de luta dos movimentos juvenis uma posição de centralidade. Atuamos de maneira fragmentada e, em geral, levando as disputas internas para o seio dos movimentos.”
No movimento estudantil, essa fragilidade é muito presente. A atuação dos petistas enquanto “frente de tendências” – e por vezes, de interesses - nos coloca em posição subalterna à política de outras organizações juvenis e fragiliza a presença dos petistas, subrepresentados nas direções das entidades gerais.
Superar essas debilidades e construir uma identidade do petismo nos movimentos juvenis não se confunde com ingerência na autonomia dos movimentos, que historicamente defendemos. O papel que cabe ao partido e é reiterado pelos fóruns da JPT, respeita e valoriza a autonomia do movimento estudantil, submetendo suas propostas à deliberação democrática das organizações estudantis.
Por esses motivos colaboramos ativamente com a construção vitoriosa do último Encontro Nacional dos Estudantes do PT que, mobilizando 24 estados entre plenárias e encontros regionais, apontou uma plataforma e um plano de ações comuns para a juventude do PT no movimento estudantil.
Neste ENEPT pudemos perceber que há espaço para outra política no movimento estudantil e que os jovens petistas estão dispostos a dar sua contribuição. Curiosamente, companheiros que tanto resistiram em debater com a base e com os estudantes do PT nestes espaços a atuação dos petistas no Congresso da UNE, hoje são defensores dedicados de determinada tática e política de alianças para o conjunto da juventude partidária.
Por fim, saudamos a iniciativa do debate. Reitera, mesmo com as diferentes posições internas em nosso partido, a importância da UNE na luta política e para os petistas. Com o mesmo afinco que queremos uma juventude petista enraizada na classe trabalhadora, organizada para além do ME, devemos reconhecer que na organização da luta dos estudantes o PT dá grande contribuição a este que é um dos principais movimentos juvenis do país.
Bruno Elias, 1º vice presidente da União Nacional dos Estudantes
TRABALHADORES E TRABALHADORAS NÃO VÃO PAGAR PELA CRISE! O BRASIL EXIGE DESENVOLVIMENTO!
A Coordenação dos Movimentos Sociais volta às ruas neste 1º de Maio para afirmar que a unidade e a mobilização do povo brasileiro são fundamentais para a construção de um novo modelo de desenvolvimento inclusivo, com distribuição de renda e garantia de direitos.
Diante dos impactos negativos da crise internacional, que ameaça os lares em forma de demissões, é decisivo que os movimentos populares afirmem a sua agenda contra a lógica dos banqueiros e empresários oportunistas, dos neoliberais e sua mídia, que se aproveitam do momento e chantageiam para arrochar salários e retirar direitos.
Não vamos pagar pela crise! Nossa luta é pelo crescimento econômico, pelo fortalecimento do papel do Estado e em defesa de políticas públicas que gerem emprego e renda, pela democratização do Conselho Monetário Nacional, pela redução dos juros e do spread bancário, e pelo fim do superávit primário. É inconcebível que em meio à necessidade de recursos, que faltam para a saúde, educação e moradia popular, o país continue sendo sangrado para alimentar o parasitismo financeiro.
A melhor vacina contra a crise é o investimento no enorme potencial do nosso mercado interno. Daí a importância da reestatização de empresas como a Vale e a Embraer, que uma vez privatizadas abandonaram completamente seu compromis-so com o país, a sociedade e seus trabalhadores.
É preciso assegurar direitos sociais, trabalhistas e previdenciários; ampliar as políticas públicas afirmativas para as mulheres, negros, indígenas e quilombolas; acelerar a reforma agrária, potencializando a agricultura familiar; ratificar a Convenção 158 da OIT, garantindo a geração de empregos de qualidade com a aprovação da PEC 393/2001, que reduz a jornada sem reduzir o salário. É necessário aprovar a PEC 10/08, pondo fim ao fator previdenciário, perverso mecanismo de arrocho das aposentadorias criado pelos tucanos, bem como estabelecer uma política de valorização do conjunto dos benefícios, de segurança e dignidade a aposentados e pensionistas.
Diante da falência da globalização neoliberal, é necessária uma nova ordem internacional baseada na solidariedade e na complementaridade das economias. Em vez de apostar no FMI, defendemos a consolidação de mecanismos de integração regional como o Banco do Sul, com controle das nossas reservas e barreiras aos especuladores.
Após as manifestações de 30 de março, que mobilizaram o Brasil contra as demissões, novas jornadas de luta se aproximam, onde a participação de cada um terá papel cada vez mais determinante para construirmos uma nova história.
Todas e todos à luta e à vitória!
* Não às demissões! Pela ratificação da Convenção 158 da OIT!
* Fim do fator previdenciário! Valorização das aposentadorias!
* Redução dos juros e do spread bancário!
* Redução da jornada sem Redução de Salário!
* Reforma agrária e fortalecimento da agricultura familiar!
* Por saúde, educação e moradia!
* Em defesa dos serviços e dos servidores públicos!
Diante dos impactos negativos da crise internacional, que ameaça os lares em forma de demissões, é decisivo que os movimentos populares afirmem a sua agenda contra a lógica dos banqueiros e empresários oportunistas, dos neoliberais e sua mídia, que se aproveitam do momento e chantageiam para arrochar salários e retirar direitos.
Não vamos pagar pela crise! Nossa luta é pelo crescimento econômico, pelo fortalecimento do papel do Estado e em defesa de políticas públicas que gerem emprego e renda, pela democratização do Conselho Monetário Nacional, pela redução dos juros e do spread bancário, e pelo fim do superávit primário. É inconcebível que em meio à necessidade de recursos, que faltam para a saúde, educação e moradia popular, o país continue sendo sangrado para alimentar o parasitismo financeiro.
A melhor vacina contra a crise é o investimento no enorme potencial do nosso mercado interno. Daí a importância da reestatização de empresas como a Vale e a Embraer, que uma vez privatizadas abandonaram completamente seu compromis-so com o país, a sociedade e seus trabalhadores.
É preciso assegurar direitos sociais, trabalhistas e previdenciários; ampliar as políticas públicas afirmativas para as mulheres, negros, indígenas e quilombolas; acelerar a reforma agrária, potencializando a agricultura familiar; ratificar a Convenção 158 da OIT, garantindo a geração de empregos de qualidade com a aprovação da PEC 393/2001, que reduz a jornada sem reduzir o salário. É necessário aprovar a PEC 10/08, pondo fim ao fator previdenciário, perverso mecanismo de arrocho das aposentadorias criado pelos tucanos, bem como estabelecer uma política de valorização do conjunto dos benefícios, de segurança e dignidade a aposentados e pensionistas.
Diante da falência da globalização neoliberal, é necessária uma nova ordem internacional baseada na solidariedade e na complementaridade das economias. Em vez de apostar no FMI, defendemos a consolidação de mecanismos de integração regional como o Banco do Sul, com controle das nossas reservas e barreiras aos especuladores.
Após as manifestações de 30 de março, que mobilizaram o Brasil contra as demissões, novas jornadas de luta se aproximam, onde a participação de cada um terá papel cada vez mais determinante para construirmos uma nova história.
Todas e todos à luta e à vitória!
* Não às demissões! Pela ratificação da Convenção 158 da OIT!
* Fim do fator previdenciário! Valorização das aposentadorias!
* Redução dos juros e do spread bancário!
* Redução da jornada sem Redução de Salário!
* Reforma agrária e fortalecimento da agricultura familiar!
* Por saúde, educação e moradia!
* Em defesa dos serviços e dos servidores públicos!
Carta do III Congresso da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - ABGLT
Carta de Belém
Carta do III Congresso da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - ABGLT
1. De 17 a 21 de abril de 2009, na cidade de Belém, no estado do Pará, realizamos o III Congresso da ABGLT. Este congresso não poderia ser em melhor lugar, a cidade das mangueiras, da revolução cabana e o coração da Amazônia; Belém é, também, palco da luta LGBT do país.
2. Em seu relatório anual denominado “Homofobia Estatal”, a Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Pessoas Trans e Intersexo – ILGA aponta que 86 países criminalizam a homossexualidade, sendo que em 07 com a pena de morte. A violação dos direitos LGBT recrudesceu nos últimos anos com o governo Bush, que estabeleceu verdadeira guerra aos nossos direitos. Na mesma linha, os países islâmicos tentam barrar qualquer Resolução nas Nações Unidas que trate da Orientação Sexual e Identidade de Gênero.
3. Frente a esse contexto, a ILGA e a ABGLT estão envolvidas no processo de incidência política pelos direitos LGBT com os organismos multilaterais (OEA e ONU) juntamente com diversas organizações internacionais de Direitos Humanos. As conferências latino-americana e mundial da ILGA, acontecerão no Brasil em Curitiba (setembro/2009) e Rio de Janeiro (junho/2010) consecutivamente, e serão organizadas por grupos associados à ABGLT que se comprometerão com o envolvimento efetivo de todas suas organizações afiliadas nessas agendas internacionais.
4. Os reflexos da crise econômica mundial alcançaram o Brasil a partir do último trimestre de 2008,com um impacto perverso no emprego e na renda da classe trabalhadora. Nosso desafio é impedir que crise provoque a diminuição dos recursos para as políticas sociais, dentre as quais as voltadas à cidadania LGBT.
5. Milhões de LGBT ainda têm os seus direitos fundamentais violados diariamente em decorrência da violência e da ausência de leis específicas que criminalizem a homofobia. A pesquisa "Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil...”, realizada pela Fundação Perseu Abramo, revela que 25% dos brasileiros são fortemente homofóbicos. Essa situação nos convoca para a luta em favor da democracia, da igualdade de direitos e pela laicidade do Estado. Na Constituição Federal, Art. 1o, incisos III e V, o Estado Brasileiro funda-se sobre a “dignidade da pessoa humana” e sobre o “pluralismo político”. Trata-se de afirmar o direito a ser diferente e a que essa diferença se torne irrelevante. É uma combinação de universalismo com a garantia do pluralismo identitário.
6. No Congresso Nacional, que passa por um novo momento de recrudescimento de diversas denúncias de desperdício e mau uso de recursos públicos, a agenda da cidadania LGBT encontra-se interditada. Até hoje não foi aprovada nenhuma lei que assegure nossos direitos. Criminalizar a homofobia, instituir a união estável entre pessoas do mesmo sexo, e permitir que pessoas transexuais e travestis alterem seu prenome e usem seu nome social são as prioridades da ABGLT junto ao legislativo.
7. Há avanços no campo do judiciário. É crescente o número de sentenças afirmativas em prol dos direitos LGBT. Porém, o acesso à justiça ainda está restrito a poucos. As defensorias públicas não comportam a demanda e não estão preparadas para atender LGBT. Além disso, a maioria dos crimes contra LGBT permanecem impunes. Nós LGBT, ainda somos alvo fácil em um sistema judiciário que é pautado em grande parte pelos interesses da elite branca heterossexista, machista e homofóbica.
8. O Programa Brasil Sem Homofobia (2004) representou um marco na construção de ações do Executivo voltadas à população LGBT, mas sem a natureza de uma política de Estado, coloca-se em xeque a sua continuidade. A I Conferência Nacional LGBT (2008), precedida de municipais, regionais e estaduais nas 27 unidades da federação, possibilitou um avanço nesse sentido, mas ainda falta, para sua concretização, a implantação do Plano Nacional de Promoção dos Direitos Humanos e Cidadania LGBT. A limitação do orçamento público federal para efetivação das ações programadas, constitui para o Governo Federal uma contradição na sua política de enfrentamento da discriminação por orientação sexual e identidade de gênero.
9. Nos Estados e Municípios, temos observado importantes avanços, como a criação de órgãos públicos voltados à população LGBT, bem como legislações antidiscriminatórias e garantidoras de direitos a esta população. Todavia, a ausência de instrumentos eficazes de aplicação de tais leis e a ausência de um compromisso com o pacto federativo no combate a tais discriminações ainda são um obstáculo a ser superado.
10. Em 14 anos de fundação, a ABGLT agregou e agrega inúmeras correntes ideológicas e identidades políticas e sexuais. Sua história é marcada pela capacidade de agregar atores e atrizes que pensam e se comportam de maneiras diferentes, mas que caminham juntos lutando em favor da democracia, do afeto, da liberdade e da cidadania LGBT.
11. Nesse congresso, reforçamos a garantia de expressão das singularidades identitárias e a audição ativa de todas as demandas específicas numa agenda comum. Acreditamos que somente com a participação de todas as identidades sexuais, atravessadas por questões de classes, de raça e de gênero, manteremos a nossa capacidade de caminharmos juntos com as nossas diferenças.
12. Travestis e transexuais estão entre os setores da população mais vulnerabilizados socialmente. Se por um lado são pessoas expulsas de casa desde muito cedo, por outro, o Estado e a sociedade não lhes oferece alternativas de sobrevivência digna. É preciso promover sua participação integral na sociedade, por meio de políticas que lhes assegurem acesso à educação, segurança, saúde, trabalho e previdência.
13. As mulheres lésbicas e bissexuais enfrentam a naturalização das discriminações e das violências, no âmbito doméstico e familiar, nas escolas, nos atendimentos de vários profissionais da saúde e outras instituições, além da sociedade em geral. A misoginia e o machismo, fomentam a invisibilidade deste segmento. A ABGLT deve atuar numa ação crítica e radical ao sistema patriarcal, para o fortalecimento e participação política das mulheres lésbicas e bissexuais, bem como, para a efetiva implementação de políticas públicas que de fato transformem esta realidade.
14. A Juventude LGBT sofre com diversos tipos de preconceito e discriminação, é expulsa de casa ou encarcerada em seu próprio ambiente familiar, e vivencia situações de evasão escolar, violência sexual, física e psicológica, além da difícil tarefa de construir a sua identidade. A ABGLT deve assumir um compromisso efetivo com a juventude LGBT, contribuindo para a construção de uma juventude organizada e politizada. Para tal, realizará o I Encontro Nacional de Juventude da ABGLT em 2010 (abril/Rio de Janeiro).
15. As pessoas LGBT idosas são muito discriminadas e vivenciam uma situação extrema de abandono. A ABGLT trabalhará para contribuir com a mudança desse triste contexto. Elas têm o direito de viver suas sexualidades de forma saudável, com segurança e cidadania, participando em grupos e redes visando à promoção de uma sociedade intergeracional.
16. Historicamente, os LGBT negras/as e indígenas sofrem dupla discriminação promovida pela estrutura racista, colonial e patriarcal. A falta de produção de informação gera a escassez de políticas públicas específicas, ocasionando extrema vulnerabilidade a essas populações. A ABGLT repudia toda forma de racismo e exige ações que garantam a equidade étnico-racial.
17. Dentre a população LGBT, as pessoas com deficiência estão submetidas a uma condição particular de invisibilidade e exclusão. É urgente nos somarmos à luta do movimento de pessoas com deficiência pela acessibilidade universal, bem como criar condições para viabilizar a participação destas pessoas no próprio movimento LGBT.
18. Gays, bissexuais e travestis, vivendo com HIV/Aids, principalmente com o recrudescimento da epidemia, têm necessidades especificas no campo da atenção integrada em saúde e direitos humanos, na vivencia de suas sexualidades, no tratamento e seus efeitos colaterais e na saúde mental. Mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais são invisibilizadas neste contexto, até o presente momento nenhuma pesquisa oficial foi realizada para o levantamento da epidemia nessas populações, com graves conseqüências para a efetiva inclusão destas no plano de enfrentamento a feminização da Aids. Há urgência na disponibilização pelos governos de novas tecnologias em prevenção positiva, na garantia do acesso universal aos insumos e tratamento e na atenção e assistência, com garantia de recursos públicos numa política nacional efetiva. Também, é estratégico para a melhoria da qualidade de vida das travestis a inclusão dessa população no sistema de informação do SUS como categoria de exposição. A ABGLT deve atuar no combate ao estigma e a discriminação; e no monitoramento e avaliação das políticas que vem sendo implementadas.
Nossas ações para o biênio 2009-2010: Políticas Públicas e Estado Laico
19. A ABGLT deverá defender e lutar pela promoção dos direitos humanos da população LGBT, ao lado dos demais movimentos sociais que constroem um Brasil mais justo, fraterno e igualitário. A implantação efetiva do Estado laico é um pressuposto para a conquista de nossos direitos, bem como de uma verdadeira democracia em nosso País. E o combate à exploração sexual infanto-juvenil estará entre nossas prioridades, em aliança com o movimento pelos direitos da criança e do adolescente.
20. O poder executivo deverá criar a Subsecretaria de Políticas para LGBT e o Conselho Nacional dos Direitos da População LGBT no Governo Federal, implementar as resoluções aprovadas na I Conferência Nacional LGBT através do Plano Nacional de Promoção dos Direitos Humanos e da Cidadania LGBT, garantindo-se os recursos orçamentários para sua efetivação.
21. No poder legislativo, a ABGLT e a Frente Parlamentar Pela Cidadania LGBT deverá potencializar sua atuação conjunta, e trabalhar pela aprovação do PLC nº 122 de 2006, que criminaliza a discriminação contra pessoas LGBT, do PLC nº 072 de 2007, que retifica o registro civil das/os transexuais, do PL nº 2.976 de 2008, que garante a inclusão do nome social das travestis, e do PL nº 4.914 de 2009, que estende às uniões entre pessoas do mesmo sexo os mesmos direitos da união estável.
22. Para atuação no poder judiciário, a ABGLT deverá se inserir nas articulações nacionais de combate à impunidade e promoção do acesso à justiça. Lutar pela ampliação e qualificação das defensorias públicas em todas as unidades da federação. Auxiliar as organizações afiliadas para o combate à discriminação e promoção da cidadania LGBT no âmbito do judiciário. Atuar em favor de sentença favorável para a ADPF 132 do Governo do Estado do Rio de Janeiro (2008) que reivindica o tratamento igualitário entre heterossexuais e homossexuais para efeito de união estável.
23. Cobrar para que todos os Estados e Municípios criem unidades político-administrativas para LGBT e conselhos estaduais e municipais dos direitos da população LGBT, estabeleçam plano de promoção da cidadania LGBT com orçamento garantido; e que publiquem os relatórios das Conferências Estaduais realizadas para LGBT.
24. Fortalecimento de pontes pelos Direitos LGBT no Mundo, com ênfase no Hemisfério Sul, serão ações da ABGLT neste biênio. Para isso, a ABGLT deve intensificar sua estratégia de atuação no MERCOSUL, na OEA e na UNASUL para o combate a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, buscando o fortalecimento das associações LGBT na relação com governos e o desenvolvimento de solidariedade, intercâmbio e integração regional. Um dos caminhos a ser perseguido é a construção de uma agenda comum, que garanta no âmbito global uma resposta sul-sul mais contundente e representativa na luta por direitos humanos e na construção da possibilidade de um novo mundo de igualdade entre as nações e os povos.
25. Para concretizar essas diretrizes, é necessário fortalecer a ABGLT e as suas associadas, avançando nos seguintes eixos:
• Ampliar a interação das organizações e grupos na população LGBT;
• Trabalhar para a sustentabilidade institucional das organizações e para a formação política dos/as ativistas;
• Garantir uma comunicação ampla dos eventos e posições políticas da ABGLT na sociedade e especialmente na população LGBT;
• Construir um Calendário Nacional de Luta a partir das datas de referência do Movimento Social LGBT;
• Fortalecer o movimento nas regiões, consolidando os já existentes e criando fóruns estaduais LGBT; e
• Ampliar a participação nos espaços de controle social de políticas públicas, tais como: conferências, conselhos, comissões, e outros.
26. Os movimentos sociais são o pólo mais dinâmico para construir um projeto democrático e popular. É preciso potencializar ainda mais esta força. O movimento LGBT deve buscar a unidade e a aliança política com os demais movimentos sociais e setores da sociedade civil organizada. O combate ao fundamentalismo religioso e a luta pela laicidade têm como pressuposto uma ampla aliança progressista.
27. Não é possível combater a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, se a sociedade continua machista, racista e com profundas desigualdades sociais. Devemos construir uma aldeia global de lutas progressistas.
28. A ABGLT convoca a todos e todas para a essa batalha, acreditando que em torno da bandeira do arco-íris todas as pessoas são fundamentais para uma ação coletiva e transformadora. A ABGLT deve estar ombro a ombro com outros segmentos excluídos e discriminados para que possamos ter uma atuação mais qualificada, porque outro mundo é possível.
Belém do Pará, 21 de abril de 2009.
Plenária Final do Congresso da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
Carta do III Congresso da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - ABGLT
1. De 17 a 21 de abril de 2009, na cidade de Belém, no estado do Pará, realizamos o III Congresso da ABGLT. Este congresso não poderia ser em melhor lugar, a cidade das mangueiras, da revolução cabana e o coração da Amazônia; Belém é, também, palco da luta LGBT do país.
2. Em seu relatório anual denominado “Homofobia Estatal”, a Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Pessoas Trans e Intersexo – ILGA aponta que 86 países criminalizam a homossexualidade, sendo que em 07 com a pena de morte. A violação dos direitos LGBT recrudesceu nos últimos anos com o governo Bush, que estabeleceu verdadeira guerra aos nossos direitos. Na mesma linha, os países islâmicos tentam barrar qualquer Resolução nas Nações Unidas que trate da Orientação Sexual e Identidade de Gênero.
3. Frente a esse contexto, a ILGA e a ABGLT estão envolvidas no processo de incidência política pelos direitos LGBT com os organismos multilaterais (OEA e ONU) juntamente com diversas organizações internacionais de Direitos Humanos. As conferências latino-americana e mundial da ILGA, acontecerão no Brasil em Curitiba (setembro/2009) e Rio de Janeiro (junho/2010) consecutivamente, e serão organizadas por grupos associados à ABGLT que se comprometerão com o envolvimento efetivo de todas suas organizações afiliadas nessas agendas internacionais.
4. Os reflexos da crise econômica mundial alcançaram o Brasil a partir do último trimestre de 2008,com um impacto perverso no emprego e na renda da classe trabalhadora. Nosso desafio é impedir que crise provoque a diminuição dos recursos para as políticas sociais, dentre as quais as voltadas à cidadania LGBT.
5. Milhões de LGBT ainda têm os seus direitos fundamentais violados diariamente em decorrência da violência e da ausência de leis específicas que criminalizem a homofobia. A pesquisa "Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil...”, realizada pela Fundação Perseu Abramo, revela que 25% dos brasileiros são fortemente homofóbicos. Essa situação nos convoca para a luta em favor da democracia, da igualdade de direitos e pela laicidade do Estado. Na Constituição Federal, Art. 1o, incisos III e V, o Estado Brasileiro funda-se sobre a “dignidade da pessoa humana” e sobre o “pluralismo político”. Trata-se de afirmar o direito a ser diferente e a que essa diferença se torne irrelevante. É uma combinação de universalismo com a garantia do pluralismo identitário.
6. No Congresso Nacional, que passa por um novo momento de recrudescimento de diversas denúncias de desperdício e mau uso de recursos públicos, a agenda da cidadania LGBT encontra-se interditada. Até hoje não foi aprovada nenhuma lei que assegure nossos direitos. Criminalizar a homofobia, instituir a união estável entre pessoas do mesmo sexo, e permitir que pessoas transexuais e travestis alterem seu prenome e usem seu nome social são as prioridades da ABGLT junto ao legislativo.
7. Há avanços no campo do judiciário. É crescente o número de sentenças afirmativas em prol dos direitos LGBT. Porém, o acesso à justiça ainda está restrito a poucos. As defensorias públicas não comportam a demanda e não estão preparadas para atender LGBT. Além disso, a maioria dos crimes contra LGBT permanecem impunes. Nós LGBT, ainda somos alvo fácil em um sistema judiciário que é pautado em grande parte pelos interesses da elite branca heterossexista, machista e homofóbica.
8. O Programa Brasil Sem Homofobia (2004) representou um marco na construção de ações do Executivo voltadas à população LGBT, mas sem a natureza de uma política de Estado, coloca-se em xeque a sua continuidade. A I Conferência Nacional LGBT (2008), precedida de municipais, regionais e estaduais nas 27 unidades da federação, possibilitou um avanço nesse sentido, mas ainda falta, para sua concretização, a implantação do Plano Nacional de Promoção dos Direitos Humanos e Cidadania LGBT. A limitação do orçamento público federal para efetivação das ações programadas, constitui para o Governo Federal uma contradição na sua política de enfrentamento da discriminação por orientação sexual e identidade de gênero.
9. Nos Estados e Municípios, temos observado importantes avanços, como a criação de órgãos públicos voltados à população LGBT, bem como legislações antidiscriminatórias e garantidoras de direitos a esta população. Todavia, a ausência de instrumentos eficazes de aplicação de tais leis e a ausência de um compromisso com o pacto federativo no combate a tais discriminações ainda são um obstáculo a ser superado.
10. Em 14 anos de fundação, a ABGLT agregou e agrega inúmeras correntes ideológicas e identidades políticas e sexuais. Sua história é marcada pela capacidade de agregar atores e atrizes que pensam e se comportam de maneiras diferentes, mas que caminham juntos lutando em favor da democracia, do afeto, da liberdade e da cidadania LGBT.
11. Nesse congresso, reforçamos a garantia de expressão das singularidades identitárias e a audição ativa de todas as demandas específicas numa agenda comum. Acreditamos que somente com a participação de todas as identidades sexuais, atravessadas por questões de classes, de raça e de gênero, manteremos a nossa capacidade de caminharmos juntos com as nossas diferenças.
12. Travestis e transexuais estão entre os setores da população mais vulnerabilizados socialmente. Se por um lado são pessoas expulsas de casa desde muito cedo, por outro, o Estado e a sociedade não lhes oferece alternativas de sobrevivência digna. É preciso promover sua participação integral na sociedade, por meio de políticas que lhes assegurem acesso à educação, segurança, saúde, trabalho e previdência.
13. As mulheres lésbicas e bissexuais enfrentam a naturalização das discriminações e das violências, no âmbito doméstico e familiar, nas escolas, nos atendimentos de vários profissionais da saúde e outras instituições, além da sociedade em geral. A misoginia e o machismo, fomentam a invisibilidade deste segmento. A ABGLT deve atuar numa ação crítica e radical ao sistema patriarcal, para o fortalecimento e participação política das mulheres lésbicas e bissexuais, bem como, para a efetiva implementação de políticas públicas que de fato transformem esta realidade.
14. A Juventude LGBT sofre com diversos tipos de preconceito e discriminação, é expulsa de casa ou encarcerada em seu próprio ambiente familiar, e vivencia situações de evasão escolar, violência sexual, física e psicológica, além da difícil tarefa de construir a sua identidade. A ABGLT deve assumir um compromisso efetivo com a juventude LGBT, contribuindo para a construção de uma juventude organizada e politizada. Para tal, realizará o I Encontro Nacional de Juventude da ABGLT em 2010 (abril/Rio de Janeiro).
15. As pessoas LGBT idosas são muito discriminadas e vivenciam uma situação extrema de abandono. A ABGLT trabalhará para contribuir com a mudança desse triste contexto. Elas têm o direito de viver suas sexualidades de forma saudável, com segurança e cidadania, participando em grupos e redes visando à promoção de uma sociedade intergeracional.
16. Historicamente, os LGBT negras/as e indígenas sofrem dupla discriminação promovida pela estrutura racista, colonial e patriarcal. A falta de produção de informação gera a escassez de políticas públicas específicas, ocasionando extrema vulnerabilidade a essas populações. A ABGLT repudia toda forma de racismo e exige ações que garantam a equidade étnico-racial.
17. Dentre a população LGBT, as pessoas com deficiência estão submetidas a uma condição particular de invisibilidade e exclusão. É urgente nos somarmos à luta do movimento de pessoas com deficiência pela acessibilidade universal, bem como criar condições para viabilizar a participação destas pessoas no próprio movimento LGBT.
18. Gays, bissexuais e travestis, vivendo com HIV/Aids, principalmente com o recrudescimento da epidemia, têm necessidades especificas no campo da atenção integrada em saúde e direitos humanos, na vivencia de suas sexualidades, no tratamento e seus efeitos colaterais e na saúde mental. Mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais são invisibilizadas neste contexto, até o presente momento nenhuma pesquisa oficial foi realizada para o levantamento da epidemia nessas populações, com graves conseqüências para a efetiva inclusão destas no plano de enfrentamento a feminização da Aids. Há urgência na disponibilização pelos governos de novas tecnologias em prevenção positiva, na garantia do acesso universal aos insumos e tratamento e na atenção e assistência, com garantia de recursos públicos numa política nacional efetiva. Também, é estratégico para a melhoria da qualidade de vida das travestis a inclusão dessa população no sistema de informação do SUS como categoria de exposição. A ABGLT deve atuar no combate ao estigma e a discriminação; e no monitoramento e avaliação das políticas que vem sendo implementadas.
Nossas ações para o biênio 2009-2010: Políticas Públicas e Estado Laico
19. A ABGLT deverá defender e lutar pela promoção dos direitos humanos da população LGBT, ao lado dos demais movimentos sociais que constroem um Brasil mais justo, fraterno e igualitário. A implantação efetiva do Estado laico é um pressuposto para a conquista de nossos direitos, bem como de uma verdadeira democracia em nosso País. E o combate à exploração sexual infanto-juvenil estará entre nossas prioridades, em aliança com o movimento pelos direitos da criança e do adolescente.
20. O poder executivo deverá criar a Subsecretaria de Políticas para LGBT e o Conselho Nacional dos Direitos da População LGBT no Governo Federal, implementar as resoluções aprovadas na I Conferência Nacional LGBT através do Plano Nacional de Promoção dos Direitos Humanos e da Cidadania LGBT, garantindo-se os recursos orçamentários para sua efetivação.
21. No poder legislativo, a ABGLT e a Frente Parlamentar Pela Cidadania LGBT deverá potencializar sua atuação conjunta, e trabalhar pela aprovação do PLC nº 122 de 2006, que criminaliza a discriminação contra pessoas LGBT, do PLC nº 072 de 2007, que retifica o registro civil das/os transexuais, do PL nº 2.976 de 2008, que garante a inclusão do nome social das travestis, e do PL nº 4.914 de 2009, que estende às uniões entre pessoas do mesmo sexo os mesmos direitos da união estável.
22. Para atuação no poder judiciário, a ABGLT deverá se inserir nas articulações nacionais de combate à impunidade e promoção do acesso à justiça. Lutar pela ampliação e qualificação das defensorias públicas em todas as unidades da federação. Auxiliar as organizações afiliadas para o combate à discriminação e promoção da cidadania LGBT no âmbito do judiciário. Atuar em favor de sentença favorável para a ADPF 132 do Governo do Estado do Rio de Janeiro (2008) que reivindica o tratamento igualitário entre heterossexuais e homossexuais para efeito de união estável.
23. Cobrar para que todos os Estados e Municípios criem unidades político-administrativas para LGBT e conselhos estaduais e municipais dos direitos da população LGBT, estabeleçam plano de promoção da cidadania LGBT com orçamento garantido; e que publiquem os relatórios das Conferências Estaduais realizadas para LGBT.
24. Fortalecimento de pontes pelos Direitos LGBT no Mundo, com ênfase no Hemisfério Sul, serão ações da ABGLT neste biênio. Para isso, a ABGLT deve intensificar sua estratégia de atuação no MERCOSUL, na OEA e na UNASUL para o combate a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, buscando o fortalecimento das associações LGBT na relação com governos e o desenvolvimento de solidariedade, intercâmbio e integração regional. Um dos caminhos a ser perseguido é a construção de uma agenda comum, que garanta no âmbito global uma resposta sul-sul mais contundente e representativa na luta por direitos humanos e na construção da possibilidade de um novo mundo de igualdade entre as nações e os povos.
25. Para concretizar essas diretrizes, é necessário fortalecer a ABGLT e as suas associadas, avançando nos seguintes eixos:
• Ampliar a interação das organizações e grupos na população LGBT;
• Trabalhar para a sustentabilidade institucional das organizações e para a formação política dos/as ativistas;
• Garantir uma comunicação ampla dos eventos e posições políticas da ABGLT na sociedade e especialmente na população LGBT;
• Construir um Calendário Nacional de Luta a partir das datas de referência do Movimento Social LGBT;
• Fortalecer o movimento nas regiões, consolidando os já existentes e criando fóruns estaduais LGBT; e
• Ampliar a participação nos espaços de controle social de políticas públicas, tais como: conferências, conselhos, comissões, e outros.
26. Os movimentos sociais são o pólo mais dinâmico para construir um projeto democrático e popular. É preciso potencializar ainda mais esta força. O movimento LGBT deve buscar a unidade e a aliança política com os demais movimentos sociais e setores da sociedade civil organizada. O combate ao fundamentalismo religioso e a luta pela laicidade têm como pressuposto uma ampla aliança progressista.
27. Não é possível combater a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, se a sociedade continua machista, racista e com profundas desigualdades sociais. Devemos construir uma aldeia global de lutas progressistas.
28. A ABGLT convoca a todos e todas para a essa batalha, acreditando que em torno da bandeira do arco-íris todas as pessoas são fundamentais para uma ação coletiva e transformadora. A ABGLT deve estar ombro a ombro com outros segmentos excluídos e discriminados para que possamos ter uma atuação mais qualificada, porque outro mundo é possível.
Belém do Pará, 21 de abril de 2009.
Plenária Final do Congresso da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
Lançamento do Dossiê Ditadura Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil (1964-1985)
Lançamento do Dossiê Ditadura Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil
(1964-1985)
Dia 25 de abril de 2009 a partir de 10:30 hs.
Debate: Mortos e Desaparecidos Políticos, a luta por verdade e justiça no
Brasil Participantes:Fábio Konder Comparato - jurista; Marcio Seligman-Silva
- professor e Janaina de Almeida Teles - Historiadora.
Estação Pinacoteca - Memorial da Resistência.
Largo General Osório, 66 5º andar - Luz - São Paulo
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Presidente Lula convoca 1ª Conferência Nacional de Comunicação
A Presidência da República anunciou, oficialmente, nesta sexta-feira (17 de abril), a convocação da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, que será realizada entre os dias 1º e 3 de dezembro de 2009, em Brasília (DF). O decreto de convocação, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi publicado hoje no Diário Oficial da União.
É a primeira vez que o governo federal convoca uma conferência desse porte para discutir, democratimente, questões relativas à comunicação social no Brasil. Lula havia anunciado, em janeiro, a disposição do governo de convocá-la durante o Fórum Social Mundial, realizado em Belém (PA). O tema da conferência é "Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital".
De acordo com o decreto presidencial, a conferência terá a participação de delegados representantes da sociedade civil, eleitos em conferências estaduais e distrital, e de delegados representantes do poder público. O parágrafo único do artigo 2 atribui ao ministro das Comunicações, Hélio Costa, a coordenação dos trabalhos para a realização da conferência, que contará ainda com a participação direta dos ministros Franklin Martins (Comunicação Social) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência da República).
O ministro Hélio Costa deve divulgar, nos próximos dias, a lista com os integrantes da comissão organizadora da conferência, encarregada de elaborar o regimento interno. "A comissão será plural, representativa e aberta, incluindo os setores da sociedade civil", disse. Ele lembrou que, conforme o decreto presidencial, a Conferência Nacional de Comunicação será precedida por eventos a serem realizados em âmbito municipal, estadual e distrital.
Segundo Hélio Costa, entre os temas que serão discutidos na conferência estão a democratização do acesso à comunicação, a convergência tecnológica, os marcos regulatórios do setor e radiodifusão. "A discussão será franca e aberta, plural, incluindo governo, empresários do setor e representantes dos movimentos sociais", afirma.
Ele disse que, caberá à comissão organizadora, composta por representantes da sociedade civil e do poder público, elaborar o regimento interno da conferência, que vai dispor sobre a organização e o funcionamento, inclusive sobre o processo democrático de escolha dos delegados.
De acordo com o decreto presidencial, as despesas com a realização da conferência serão bancadas pelo Ministério das Comunicações, que dispõe de R$ 8,2 milhões no orçamento de 2009 para cumprir a convocação.
ASCOM/Ministério das Comunicações
É a primeira vez que o governo federal convoca uma conferência desse porte para discutir, democratimente, questões relativas à comunicação social no Brasil. Lula havia anunciado, em janeiro, a disposição do governo de convocá-la durante o Fórum Social Mundial, realizado em Belém (PA). O tema da conferência é "Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital".
De acordo com o decreto presidencial, a conferência terá a participação de delegados representantes da sociedade civil, eleitos em conferências estaduais e distrital, e de delegados representantes do poder público. O parágrafo único do artigo 2 atribui ao ministro das Comunicações, Hélio Costa, a coordenação dos trabalhos para a realização da conferência, que contará ainda com a participação direta dos ministros Franklin Martins (Comunicação Social) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência da República).
O ministro Hélio Costa deve divulgar, nos próximos dias, a lista com os integrantes da comissão organizadora da conferência, encarregada de elaborar o regimento interno. "A comissão será plural, representativa e aberta, incluindo os setores da sociedade civil", disse. Ele lembrou que, conforme o decreto presidencial, a Conferência Nacional de Comunicação será precedida por eventos a serem realizados em âmbito municipal, estadual e distrital.
Segundo Hélio Costa, entre os temas que serão discutidos na conferência estão a democratização do acesso à comunicação, a convergência tecnológica, os marcos regulatórios do setor e radiodifusão. "A discussão será franca e aberta, plural, incluindo governo, empresários do setor e representantes dos movimentos sociais", afirma.
Ele disse que, caberá à comissão organizadora, composta por representantes da sociedade civil e do poder público, elaborar o regimento interno da conferência, que vai dispor sobre a organização e o funcionamento, inclusive sobre o processo democrático de escolha dos delegados.
De acordo com o decreto presidencial, as despesas com a realização da conferência serão bancadas pelo Ministério das Comunicações, que dispõe de R$ 8,2 milhões no orçamento de 2009 para cumprir a convocação.
ASCOM/Ministério das Comunicações
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Um governo a cada dia mais enrolado
Por Maurício Macedo - Revista Caros Amigos
A seqüência de escândalos envolvendo auxiliares diretos da governadora Yeda Crusius, do Rio Grande do Sul, ganhou novos lances em 2009.
Apesar de ser um ano pré-eleitoral, 2009 teve um início tranquilo no Rio Grande do Sul. Depois de um 2008 marcado pela turbulência política, parecia que os gaúchos estavam ingressando em um período de calmaria.
O ano começou com o governo do Estado atingindo o tão almejado equilíbrio orçamentário. Fato que levou a governadora Yeda Crusius (PSDB) a sonhar com a possibilidade de reeleição. O discurso da excelência na gestão financeira poderia suplantar a falta de tino político, geradora do clima de beligerância com o vice-governador Paulo Feijó (DEM). Foi ele que, em junho de 2008, divulgou uma conversa com o então chefe da Casa Civil abrindo uma crise interna que ganhou repercussão nacional. Na gravação, Cezar Busatto (PPS) confirmava o uso da máquina pública para arrecadação de recursos com fins eleitorais.
Mas o passado tinha ficado para trás. Após encaminhar o orçamento batizado de Déficit Zero para a Assembléia, a governadora deu um giro pelo Brasil para “anunciar as conquistas gaúchas”. Passou por Brasília, Nordeste e terminou em São Paulo, ao lado de José Serra, governador de mesma plumagem.
A tucana chegou até a alçar vôos mais ousados. Nem bem as burras do Estado haviam saído do vermelho, anunciou que planejava a compra de um avião para uso exclusivo. A notícia repercutiu negativamente, mas para quem conta com o apoio da grande mídia, o assunto foi levado ao esquecimento. Tanto é verdade que não surgiu nenhuma piada sobre o AeroYeda - apesar do AeroLula aparecer volta e meia.
Também pudera, a governadora abriu os cofres e elevou em 560% as verbas em propaganda. Ao todo, serão R$ 93 milhões em publicidade neste ano. Mesmo assim, o orçamento equilibrado teve um custo: precarização nos serviços públicos e arrocho no funcionalismo. Yeda chegou a dizer que 2008 era “o ano do reajuste zero”.
E começou pelos servidores estaduais a virada na sensação de tranquilidade. A situação de penúria salarial originou uma aliança poucas vezes vista no Rio Grande do Sul. Capitaneados pelo Cpers (magistério), dez sindicatos promoveram uma ostensiva campanha. Nos outdoors, suspense: a imagem distorcida de um rosto e a promessa de mostrar a face oculta da corrupção, entre outras críticas pesadas.
O governo tucano mordeu a isca. Antes de qualquer identificação, uma ameaça partiu da Casa Civil à empresa responsável pelos painéis. A carta prometia responsabilização criminal. Como sempre, o feitiço virou contra o feiticeiro. A jogada de marketing ganhou destaque na mídia até que o rosto de governadora apareceu ao lado da frase: Governo Yeda - a face da destruição do Estado. Máscaras da governadora foram distribuídas em uma passeata pelas ruas de Porto Alegre.
A seqüência de escândalos envolvendo auxiliares diretos da governadora Yeda Crusius, do Rio Grande do Sul, ganhou novos lances em 2009.
Apesar de ser um ano pré-eleitoral, 2009 teve um início tranquilo no Rio Grande do Sul. Depois de um 2008 marcado pela turbulência política, parecia que os gaúchos estavam ingressando em um período de calmaria.
O ano começou com o governo do Estado atingindo o tão almejado equilíbrio orçamentário. Fato que levou a governadora Yeda Crusius (PSDB) a sonhar com a possibilidade de reeleição. O discurso da excelência na gestão financeira poderia suplantar a falta de tino político, geradora do clima de beligerância com o vice-governador Paulo Feijó (DEM). Foi ele que, em junho de 2008, divulgou uma conversa com o então chefe da Casa Civil abrindo uma crise interna que ganhou repercussão nacional. Na gravação, Cezar Busatto (PPS) confirmava o uso da máquina pública para arrecadação de recursos com fins eleitorais.
Mas o passado tinha ficado para trás. Após encaminhar o orçamento batizado de Déficit Zero para a Assembléia, a governadora deu um giro pelo Brasil para “anunciar as conquistas gaúchas”. Passou por Brasília, Nordeste e terminou em São Paulo, ao lado de José Serra, governador de mesma plumagem.
A tucana chegou até a alçar vôos mais ousados. Nem bem as burras do Estado haviam saído do vermelho, anunciou que planejava a compra de um avião para uso exclusivo. A notícia repercutiu negativamente, mas para quem conta com o apoio da grande mídia, o assunto foi levado ao esquecimento. Tanto é verdade que não surgiu nenhuma piada sobre o AeroYeda - apesar do AeroLula aparecer volta e meia.
Também pudera, a governadora abriu os cofres e elevou em 560% as verbas em propaganda. Ao todo, serão R$ 93 milhões em publicidade neste ano. Mesmo assim, o orçamento equilibrado teve um custo: precarização nos serviços públicos e arrocho no funcionalismo. Yeda chegou a dizer que 2008 era “o ano do reajuste zero”.
E começou pelos servidores estaduais a virada na sensação de tranquilidade. A situação de penúria salarial originou uma aliança poucas vezes vista no Rio Grande do Sul. Capitaneados pelo Cpers (magistério), dez sindicatos promoveram uma ostensiva campanha. Nos outdoors, suspense: a imagem distorcida de um rosto e a promessa de mostrar a face oculta da corrupção, entre outras críticas pesadas.
O governo tucano mordeu a isca. Antes de qualquer identificação, uma ameaça partiu da Casa Civil à empresa responsável pelos painéis. A carta prometia responsabilização criminal. Como sempre, o feitiço virou contra o feiticeiro. A jogada de marketing ganhou destaque na mídia até que o rosto de governadora apareceu ao lado da frase: Governo Yeda - a face da destruição do Estado. Máscaras da governadora foram distribuídas em uma passeata pelas ruas de Porto Alegre.
DE CASO COM A DITABRANDA
Como a Folha de S.Paulo demonstrou ter telhados de vidro e provocou a maior crise de credibilidade em toda sua trajetória
Por André Cintra - Revista Caros Amigos
No dia 24 de fevereiro, tão logo soube que o Movimento dos Sem-Mídia (MSM) tinha convocado um protesto em frente à Folha de S.Paulo, o representante comercial Wilson Cunha Júnior, de 42 anos, tomou a decisão de participar do ato, custasse o que custasse. Não deu a mínima para a distância que separava sua casa e o prédio do jornal — algo como mil quilômetros. Wilson mora em Goiânia, onde trabalha por conta própria. Sem saber como chegar à sede da Folha, entrou em contato com Eduardo Guimarães, presidente do MSM, que tentou imediatamente dissuadi-lo. “Isso é loucura — você está tão longe. Não, não venha”, rogou Eduardo, por telefone. “É claro que eu vou. A responsabilidade é toda minha”, rebatia Wilson.
Depois de desembolsar R$ 128 na passagem de ônibus Goiânia–São Paulo, ele iniciou sua viagem às 16h30 da sexta-feira, 6 de março. A previsão era chegar ao Terminal Rodoviário Tietê, em São Paulo, às 7 horas do dia seguinte, mas um incidente na estrada retardou o desembarque em duas horas. “Desci do ônibus e fui logo ao guichê. Comprei passagem de volta para 5 horas da tarde”, conta Wilson, que gastou aí mais R$ 139 — e sem reclamar. “Olha, se houvesse ato todo mês, eu iria todo mês a São Paulo. Pode ser na Folha ou na Globo. Meu problema maior é contra a ditadura da mídia.
Uma meia-dúzia domina e determina tudo que a gente lê.” Da rodoviária, Wilson entrou no metrô, atravessou oito estações e, às 9h50, um sábado, atingiu a alameda Barão de Limeira, onde viu centenas manifestantes, além de dezenas de cartazes e faixas. “Foi um alívio. Não perdi nenhum minuto.”
O que motivou a pequena epopeia desse animado goiano e de outras 500 pessoas, aproximadamente, até o prédio da Folha foi o que Wilson qualificou como “um tapa na cara das pessoas que viveram a ditadura no Brasil”. Tudo começou com o editorial “Limites a Chávez”, escrito por Vinicius Mota e publicado na edição de 17 de fevereiro. Aos enxovalhos de praxe contra o presidente venezuelano Hugo Chávez, o jornal acrescentou um comentário sobre o governo dos generais-presidentes brasileiros. Segundo o editorial, “as chamadas ‘ditabrandas’ — caso do Brasil entre 1964 e 1985 — partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça”.
A relativização do regime é um fenômeno da Folha nos anos 2000. O diretor editorial, Otavio Frias Filho, também chamado de Otavinho, e o historiador Marco Antônio Villa, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), são expoentes desse movimento. “A ditadura militar foi alvo também de um esquema maniqueísta”, escreveu Frias Filho em 2003. “A imagem que ficou foi a de um despotismo de generais que suprimiu as liberdades, governou contra o povo, matou e torturou quem resistia. Isso é verdade, mas não toda a verdade.” Sobre o fim do regime, o diretor da Folha minimizava em 2004 a pressão popular pelo voto, condicionando a volta da democracia a fatores não-políticos. “Basta verificar o crescimento econômico nos anos que antecederam a campanha das diretas: -6,3% (1981), -1,3% (1982) e -5,0 (1983)”. No texto “Ecos de 64”, Frias Filho Escreve: (...) “fracassada, a aventura guerrilheira conferiu legitimidade ao período de ditadura nua e crua, entre 68 e 74”.
Marco Antonio Villa — que, sob encomenda, escreveu uma coleção conservadora de livros de história para o Instituto Teotônio Vilela, do PSDB — incorpora esse espírito, sobretudo quando o tema é a indenização a ex-presos perseguidos políticos. Na Folha, ele costuma entrar em cena sempre que se trata de deslegitimar a resistência armada ao regime militar. “Nos últimos anos, foi se consolidando uma versão da história de que os guerrilheiros combateram a ditadura em defesa da liberdade. (...) É urgente enfrentarmos essa falácia”, escreveu, em 23 de maio de 2008, quando o tema das indenizações às vítimas das torturas e perseguições políticas estava na ordem do dia. Villa citou o “espaço democrático” dos governos Castello Branco e Costa e Silva: “basta ver a ampla atividade cultural de 1964-1968”. Para o historiador, “é fundamental não só rever as indenizações já aprovadas como estabelecer critérios rigorosos para os próximos processos”. Não é toa que a Folha recorreu a Villa para defendê-la no episódio da “ditabranda”.
Embora o Grupo Folha, adquirido pela família Frias em 1962, tenha laços históricos indisfarçáveis com a ditadura, é provável que o neologismo tenha sido publicado por descuido. Diferentemente do pai, Octavio Frias de Oliveira — que fazia questão de ler, checar, corrigir e aprovar todos os editoriais do jornal —, Frias Filho tem obsessões de outra ordem, como o controle estatístico dos erros cometidos em cada edição do jornal. “Muita gente aqui acha que o Otavinho não se preocupou em avaliar o texto do Vinicius”, conta um repórter da Folha que não se identificou para evitar represália. “Como o tema era Chávez, e a Folha tem uma posição muito clara e óbvia a respeito dele, o risco de sair alguma polêmica parecia nulo.” Eis que, dado o primeiro escorregão, o jornal precisou de três dias para cometer o segundo. Na sexta-feira de Carnaval, 20 de fevereiro, ao publicar na seção de cartas (o “Painel do Leitor”) as primeiras críticas vindas do meio acadêmico — do jurista Fábio Konder Comparato e a historiadora Maria Victoria Benevides, ambos da USP —, a Folha partiu para a baixaria. Uma “nota da Redação” qualificava a indignação desses intelectuais como “obviamente cínica e mentirosa”, uma vez que — segundo o desinformado jornal — os professores são “figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio a ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba”. Na realidade, tanto Konder quanto Benevides já criticaram publicamente o regime cubano, sendo que o jurista chegou a expressar suas críticas a Cuba no mesmíssimo “Painel do Leitor” Da abominável relativização da história, o jornal pago de maior circulação no Brasil passou a uma agressão a leitores típica da imprensa panfletária do século XIX. Frias Filho agiu como se fosse necessário um atestado ideológico para se beneficiar do jornalismo “crítico, democrático e apartidário” da Folha. Sua resposta grosseira a dois intelectuais renomados põe em perigo a imagem pluralista de uma publicação que, supostamente, exibe sem medo os seus princípios e procedimentos à sociedade e, em especial, aos seus leitores. Essa é uma marca que a Folha passou a construir no começo dos anos 80, quando passou a divulgar seu Manual de Estilo e os seus sucessivos projetos editoriais, e consolidou com a campanha publicitária em que se apresentava como um veículo corajoso e independente – “de rabo preso com o leitor”, ou seja, desvinculado de interesses políticos, econômicos ou ideológicos. Na avaliação do sociólgo Rudá Ricci, há um componente psicológico na reação – claramente desproporcional – de Frias Filho às críticas que o editorial da “ditabranda recebeu”. “Quando é repreendido por intelectuais do peso de um Comparato ou de uma Benevides, ele perde a cabeça e mostra destempero, como se tivesse sido censurado na sua juventude e na sua imaturidade intelectual”, avalia Ricci. “Assim, vai perdendo o status da kaiser da imprensa nacional”.
A revolta contra o jornal da família Frias, diluída no início, se intensificou durante e logo após o carnaval. Na internet, foi lançado em 21 de fevereiro o manifesto “Repúdio e Solidariedade” — um abaixo-assinado eletrônico que condenava “o estelionato semântico” do termo “ditabranda” e a agressão sem precedente da Folha. Na opinião de Caio Navarro de Toledo, professor da Unicamp e um dos idealizadores do manifesto, a iniciativa de fazer um abaixo-assinado on-line abriu um espaço para tornar públicos os protestos que pipocavam em grande quantidade. “Muitos colegas me encaminharam as cartas que escreveram à Folha e que não foram publicadas”, conta. “Ao lançarmos o manifesto, abrimos espaço para essas vozes críticas, que não queriam engolir a mentira de ‘ditabranda’.
O abaixo-assinado “Repúdio e Solidariedade” teve ampla repercussão na web, impulsionado por sites progressistas e blogs alternativos. Essas páginas na internet difundiram o chamado para a manifestação do Movimento dos Sem-Mídia em frente à Folha. De nada adiantaram as tentativas do jornal em minimizar o estrago, levado a cabo pelo editor de Brasil, Fernando Barros e Silva, pelo ombudsman Carlos Eduardo Lins e Silva e pelo colunista Marcelo Coelho. A poucos dias do ato do MSM, o jornalista Leonardo Sakamoto divulgou em seu blog que a Folha, nos dias subsequentes à querela, perdeu 2 mil assinantes, o que indicava impactos não só na imagem e na credibilidade do jornal — mas também no bolso. Em 5 de março, a dois dias do ato dos sem-mídia à frente da Folha, o historiador Marco Antonio Villa reapareceu no jornal com o artigo “Ditadura à brasileira”, para sustentar que o país só teve ditadura de fato entre 1969 e 1979 — a duração do AI-5. “Só pode ser ‘a democracia’ dos historiadores à brasileira”, respondeu, três dias depois, na própria Folha, o colunista Janio de Freitas. “Os historiadores à brasileira não sabem que as ditaduras vão até onde lhes é vitalmente necessário, e enquanto podem fazê-lo.” Villa sentiu o golpe e, encurralado, retratou-se no “Painel do Leitor”: “Em momento nenhum (...) defendi a ditadura militar.”
Àquela altura, o manifesto “Repúdio e Solidariedade” já tinha mais de 8 mil signatários, desde donas-de-casa até celebridades como o sociólogo Antonio Candido, o arquiteto Oscar Niemeyer e o cantor Chico Buarque. Em 8 de março, Frias Filho voltou atrás e admitiu que o termo “ditabranda” é errado, pois “tem uma conotação leviana que não se presta à gravidade do assunto”. Mas continuou a desancar Fábio Comparato e Maria Benevides, tachando-os, dessa vez, de “democratas de fachada”. No sábado seguinte, dia 14, os dois professores conseguiram um direito de resposta no jornal. “Levar mais de duas semanas para reconhecer um desatino editorial (a classificação do regime militar brasileiro como ‘ditabranda’), imputando a responsabilidade pelo episódio ao teor de nossas críticas, não parece um comportamento compatível com a ética do jornalismo”, escreveram. A Folha, porém, manteve sua postura agressiva. “Imaginava-se encerrado o episódio, mas os professores Comparato e Benevides estão empenhados em extrair dele o máximo rendimento possível”, comentou o jornal. As 500 pessoas que participaram do ato contra a “ditabranda”, às portas da Folha, demonstraram que, nessa batalha, quem ganhou foi a sociedade. Um post publicado por Flavia Brites, no blog Nas Retinas, registra um cálculo expressivo: cem blogs agregados a partir do tema “ditabranda” contabilizavam, ao longo da manifestação, mais de 60 mil visitas. Com a cobertura do ato, o site Vi o Mundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha, registrou seus melhores índices de audiência. “Eu me atrevo a dizer que foi a primeira manifestação política convocada pela internet que terá consequências práticas para o ativismo digital”, escreveu Azenha. Foi um protesto sem panfletos ou convites impressos, mas com apoio espontâneo de entidades de direitos humanos e de ex-presos políticos, movimentos organizados, partidos políticos, jornalistas independentes, sites, blogs, e muita gente mais. À sua maneira, cada um deles mostrou que, antes das paredes envidraçadas, o que a Folha de S.Paulo tem são telhados de vidro.
Por André Cintra - Revista Caros Amigos
No dia 24 de fevereiro, tão logo soube que o Movimento dos Sem-Mídia (MSM) tinha convocado um protesto em frente à Folha de S.Paulo, o representante comercial Wilson Cunha Júnior, de 42 anos, tomou a decisão de participar do ato, custasse o que custasse. Não deu a mínima para a distância que separava sua casa e o prédio do jornal — algo como mil quilômetros. Wilson mora em Goiânia, onde trabalha por conta própria. Sem saber como chegar à sede da Folha, entrou em contato com Eduardo Guimarães, presidente do MSM, que tentou imediatamente dissuadi-lo. “Isso é loucura — você está tão longe. Não, não venha”, rogou Eduardo, por telefone. “É claro que eu vou. A responsabilidade é toda minha”, rebatia Wilson.
Depois de desembolsar R$ 128 na passagem de ônibus Goiânia–São Paulo, ele iniciou sua viagem às 16h30 da sexta-feira, 6 de março. A previsão era chegar ao Terminal Rodoviário Tietê, em São Paulo, às 7 horas do dia seguinte, mas um incidente na estrada retardou o desembarque em duas horas. “Desci do ônibus e fui logo ao guichê. Comprei passagem de volta para 5 horas da tarde”, conta Wilson, que gastou aí mais R$ 139 — e sem reclamar. “Olha, se houvesse ato todo mês, eu iria todo mês a São Paulo. Pode ser na Folha ou na Globo. Meu problema maior é contra a ditadura da mídia.
Uma meia-dúzia domina e determina tudo que a gente lê.” Da rodoviária, Wilson entrou no metrô, atravessou oito estações e, às 9h50, um sábado, atingiu a alameda Barão de Limeira, onde viu centenas manifestantes, além de dezenas de cartazes e faixas. “Foi um alívio. Não perdi nenhum minuto.”
O que motivou a pequena epopeia desse animado goiano e de outras 500 pessoas, aproximadamente, até o prédio da Folha foi o que Wilson qualificou como “um tapa na cara das pessoas que viveram a ditadura no Brasil”. Tudo começou com o editorial “Limites a Chávez”, escrito por Vinicius Mota e publicado na edição de 17 de fevereiro. Aos enxovalhos de praxe contra o presidente venezuelano Hugo Chávez, o jornal acrescentou um comentário sobre o governo dos generais-presidentes brasileiros. Segundo o editorial, “as chamadas ‘ditabrandas’ — caso do Brasil entre 1964 e 1985 — partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça”.
A relativização do regime é um fenômeno da Folha nos anos 2000. O diretor editorial, Otavio Frias Filho, também chamado de Otavinho, e o historiador Marco Antônio Villa, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), são expoentes desse movimento. “A ditadura militar foi alvo também de um esquema maniqueísta”, escreveu Frias Filho em 2003. “A imagem que ficou foi a de um despotismo de generais que suprimiu as liberdades, governou contra o povo, matou e torturou quem resistia. Isso é verdade, mas não toda a verdade.” Sobre o fim do regime, o diretor da Folha minimizava em 2004 a pressão popular pelo voto, condicionando a volta da democracia a fatores não-políticos. “Basta verificar o crescimento econômico nos anos que antecederam a campanha das diretas: -6,3% (1981), -1,3% (1982) e -5,0 (1983)”. No texto “Ecos de 64”, Frias Filho Escreve: (...) “fracassada, a aventura guerrilheira conferiu legitimidade ao período de ditadura nua e crua, entre 68 e 74”.
Marco Antonio Villa — que, sob encomenda, escreveu uma coleção conservadora de livros de história para o Instituto Teotônio Vilela, do PSDB — incorpora esse espírito, sobretudo quando o tema é a indenização a ex-presos perseguidos políticos. Na Folha, ele costuma entrar em cena sempre que se trata de deslegitimar a resistência armada ao regime militar. “Nos últimos anos, foi se consolidando uma versão da história de que os guerrilheiros combateram a ditadura em defesa da liberdade. (...) É urgente enfrentarmos essa falácia”, escreveu, em 23 de maio de 2008, quando o tema das indenizações às vítimas das torturas e perseguições políticas estava na ordem do dia. Villa citou o “espaço democrático” dos governos Castello Branco e Costa e Silva: “basta ver a ampla atividade cultural de 1964-1968”. Para o historiador, “é fundamental não só rever as indenizações já aprovadas como estabelecer critérios rigorosos para os próximos processos”. Não é toa que a Folha recorreu a Villa para defendê-la no episódio da “ditabranda”.
Embora o Grupo Folha, adquirido pela família Frias em 1962, tenha laços históricos indisfarçáveis com a ditadura, é provável que o neologismo tenha sido publicado por descuido. Diferentemente do pai, Octavio Frias de Oliveira — que fazia questão de ler, checar, corrigir e aprovar todos os editoriais do jornal —, Frias Filho tem obsessões de outra ordem, como o controle estatístico dos erros cometidos em cada edição do jornal. “Muita gente aqui acha que o Otavinho não se preocupou em avaliar o texto do Vinicius”, conta um repórter da Folha que não se identificou para evitar represália. “Como o tema era Chávez, e a Folha tem uma posição muito clara e óbvia a respeito dele, o risco de sair alguma polêmica parecia nulo.” Eis que, dado o primeiro escorregão, o jornal precisou de três dias para cometer o segundo. Na sexta-feira de Carnaval, 20 de fevereiro, ao publicar na seção de cartas (o “Painel do Leitor”) as primeiras críticas vindas do meio acadêmico — do jurista Fábio Konder Comparato e a historiadora Maria Victoria Benevides, ambos da USP —, a Folha partiu para a baixaria. Uma “nota da Redação” qualificava a indignação desses intelectuais como “obviamente cínica e mentirosa”, uma vez que — segundo o desinformado jornal — os professores são “figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio a ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba”. Na realidade, tanto Konder quanto Benevides já criticaram publicamente o regime cubano, sendo que o jurista chegou a expressar suas críticas a Cuba no mesmíssimo “Painel do Leitor” Da abominável relativização da história, o jornal pago de maior circulação no Brasil passou a uma agressão a leitores típica da imprensa panfletária do século XIX. Frias Filho agiu como se fosse necessário um atestado ideológico para se beneficiar do jornalismo “crítico, democrático e apartidário” da Folha. Sua resposta grosseira a dois intelectuais renomados põe em perigo a imagem pluralista de uma publicação que, supostamente, exibe sem medo os seus princípios e procedimentos à sociedade e, em especial, aos seus leitores. Essa é uma marca que a Folha passou a construir no começo dos anos 80, quando passou a divulgar seu Manual de Estilo e os seus sucessivos projetos editoriais, e consolidou com a campanha publicitária em que se apresentava como um veículo corajoso e independente – “de rabo preso com o leitor”, ou seja, desvinculado de interesses políticos, econômicos ou ideológicos. Na avaliação do sociólgo Rudá Ricci, há um componente psicológico na reação – claramente desproporcional – de Frias Filho às críticas que o editorial da “ditabranda recebeu”. “Quando é repreendido por intelectuais do peso de um Comparato ou de uma Benevides, ele perde a cabeça e mostra destempero, como se tivesse sido censurado na sua juventude e na sua imaturidade intelectual”, avalia Ricci. “Assim, vai perdendo o status da kaiser da imprensa nacional”.
A revolta contra o jornal da família Frias, diluída no início, se intensificou durante e logo após o carnaval. Na internet, foi lançado em 21 de fevereiro o manifesto “Repúdio e Solidariedade” — um abaixo-assinado eletrônico que condenava “o estelionato semântico” do termo “ditabranda” e a agressão sem precedente da Folha. Na opinião de Caio Navarro de Toledo, professor da Unicamp e um dos idealizadores do manifesto, a iniciativa de fazer um abaixo-assinado on-line abriu um espaço para tornar públicos os protestos que pipocavam em grande quantidade. “Muitos colegas me encaminharam as cartas que escreveram à Folha e que não foram publicadas”, conta. “Ao lançarmos o manifesto, abrimos espaço para essas vozes críticas, que não queriam engolir a mentira de ‘ditabranda’.
O abaixo-assinado “Repúdio e Solidariedade” teve ampla repercussão na web, impulsionado por sites progressistas e blogs alternativos. Essas páginas na internet difundiram o chamado para a manifestação do Movimento dos Sem-Mídia em frente à Folha. De nada adiantaram as tentativas do jornal em minimizar o estrago, levado a cabo pelo editor de Brasil, Fernando Barros e Silva, pelo ombudsman Carlos Eduardo Lins e Silva e pelo colunista Marcelo Coelho. A poucos dias do ato do MSM, o jornalista Leonardo Sakamoto divulgou em seu blog que a Folha, nos dias subsequentes à querela, perdeu 2 mil assinantes, o que indicava impactos não só na imagem e na credibilidade do jornal — mas também no bolso. Em 5 de março, a dois dias do ato dos sem-mídia à frente da Folha, o historiador Marco Antonio Villa reapareceu no jornal com o artigo “Ditadura à brasileira”, para sustentar que o país só teve ditadura de fato entre 1969 e 1979 — a duração do AI-5. “Só pode ser ‘a democracia’ dos historiadores à brasileira”, respondeu, três dias depois, na própria Folha, o colunista Janio de Freitas. “Os historiadores à brasileira não sabem que as ditaduras vão até onde lhes é vitalmente necessário, e enquanto podem fazê-lo.” Villa sentiu o golpe e, encurralado, retratou-se no “Painel do Leitor”: “Em momento nenhum (...) defendi a ditadura militar.”
Àquela altura, o manifesto “Repúdio e Solidariedade” já tinha mais de 8 mil signatários, desde donas-de-casa até celebridades como o sociólogo Antonio Candido, o arquiteto Oscar Niemeyer e o cantor Chico Buarque. Em 8 de março, Frias Filho voltou atrás e admitiu que o termo “ditabranda” é errado, pois “tem uma conotação leviana que não se presta à gravidade do assunto”. Mas continuou a desancar Fábio Comparato e Maria Benevides, tachando-os, dessa vez, de “democratas de fachada”. No sábado seguinte, dia 14, os dois professores conseguiram um direito de resposta no jornal. “Levar mais de duas semanas para reconhecer um desatino editorial (a classificação do regime militar brasileiro como ‘ditabranda’), imputando a responsabilidade pelo episódio ao teor de nossas críticas, não parece um comportamento compatível com a ética do jornalismo”, escreveram. A Folha, porém, manteve sua postura agressiva. “Imaginava-se encerrado o episódio, mas os professores Comparato e Benevides estão empenhados em extrair dele o máximo rendimento possível”, comentou o jornal. As 500 pessoas que participaram do ato contra a “ditabranda”, às portas da Folha, demonstraram que, nessa batalha, quem ganhou foi a sociedade. Um post publicado por Flavia Brites, no blog Nas Retinas, registra um cálculo expressivo: cem blogs agregados a partir do tema “ditabranda” contabilizavam, ao longo da manifestação, mais de 60 mil visitas. Com a cobertura do ato, o site Vi o Mundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha, registrou seus melhores índices de audiência. “Eu me atrevo a dizer que foi a primeira manifestação política convocada pela internet que terá consequências práticas para o ativismo digital”, escreveu Azenha. Foi um protesto sem panfletos ou convites impressos, mas com apoio espontâneo de entidades de direitos humanos e de ex-presos políticos, movimentos organizados, partidos políticos, jornalistas independentes, sites, blogs, e muita gente mais. À sua maneira, cada um deles mostrou que, antes das paredes envidraçadas, o que a Folha de S.Paulo tem são telhados de vidro.
Assinar:
Postagens (Atom)