Somando-se à paralisação dos funcionários da USP, que hoje (05) completa um mês, professores decidiram iniciar greve por tempo indeterminado. Estudantes de alguns cursos da universidade também encontram-se mobilizados a partir desta sexta-feira
Professores da Universidade de São Paulo (USP) iniciaram, nesta sexta-feira (05), uma greve por tempo indeterminado. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (04) durante assembleia da categoria.
Os docentes planejavam um dia de paralisação na próxima semana, mas a presença efetiva da Polícia Militar no campus Butantã desde a quarta-feira (03) apressou o início de uma greve permanente.
Na segunda-feira (01), a Força Tática da Polícia Militar já havia ocupado todas as unidades do campus, a fim de desmontar os piquetes organizados pelos servidores da universidade, que estão paralisados há um mês. Dois dias depois, a PM voltou a ocupar a universidade, dessa vez de forma ininterrupta.
Segundo o professor Otaviano Helene, presidente da Associação de Docentes da USP (Adusp), ainda não há a porcentagem exata de adesão à greve por parte dos professores. "Como temos três períodos de aulas e muitos professores lecionam no período noturno, ainda não temos um balanço sobre a adesão total da greve". No entanto, Helene destaca a alta participação dos docentes na assembleia realizada.
O professor conta que a presença da PM no campus trouxe à memória as ações realizadas durante a ditadura militar e provocaram reações emocionais nos professores que vivenciaram aquele período, contribuindo assim para a decisão pela greve.
Na manhã desta sexta-feira, representantes do Adusp se reuniram com a reitora da universidade, Suely Vilela, e entregaram-lhe a pauta de reivindicações. Contudo, segundo Helene, a reitora afirmou que não retirará a PM do campus nem reabrirá as negociações até que os piquetes cessem.
Reivindicações
Além da saída imediata da PM do campus da USP, os professores reivindicam a retomada de negociações com o Conselho de Reitores das Universidades de São Paulo (Cruesp), suspensas desde o dia 25 de maio.
Os docentes pedem 10% de reposição salarial e reposição da inflação dos últimos 12 meses, além de mais verba para as universidades. Já os funcionários da instituição reivindicam 17% de reposição parcial das perdas, incorporação de R$ 200 nos salários, garantia de emprego a mais de cinco mil trabalhadores e a reintegração do ex-diretor do Sindicato do Trabalhadores da USP (Sintusp) Claudionor Brandão, demitido em dezembro de 2008.
Até o momento, houve apenas uma reunião do Cruesp com o Fórum das Seis, que reúne entidades representativas de professores, funcionários e estudantes da USP, Unesp e Unicamp. A proposta dos reitores, no entanto, era de conceder apenas 6,5% de reajuste e foi negada por ambas as categorias.
Paralisação de estudantes
Junto com os professores, os estudantes da USP também aderiram à greve. Na quinta, quando decidiram em assembleia pela paralisação, os alunos realizaram um ato próximo ao Portão 1 do campus Butantã. Durante a manifestação, eles levaram à rua uma imitação de tanque militar, cor de rosa, em alusão à presença da Polícia Militar na universidade.
Segundo Stefano Azzi Neto, um dos diretores do Diretório Central dos Estudantes da USP, participaram da assembleia cerca de 1,5 mil estudantes e mais de 95% dos presentes votaram pela greve.
Os alunos protestam contra a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), um curso de graduação à distância proposto pelo governo estadual, cuja previsão de início na USP é para o segundo semestre deste ano.
Os alunos reivindicam, ainda, a saída da reitora da USP, Suely Vilela, a realização de eleições diretas para o cargo e a retirada da PM de todas as unidades da USP.
Segundo Neto, serão realizados atos e aulas ao ar livre na próxima semana com o objetivo de "expandir essa greve para os demais cursos". Até a tarde desta sexta-feira, estudantes dos cursos de Geografia, História, Ciências Sociais, Letras, Filosofia, Pedagogia e da Escola de Comunicação e Artes já se encontram paralisados.
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